Bem me quer, mal me quer
Tenta-me. Finge-se
adormecida
Em leito florido de
malmequer
Bela, desnuda e
oferecida
Tal é a loucura com
que me quer
Deixa a minha alma
entontecida
Essa arte das sensuais
mulheres
Que amansa a fera
mais temida
E faz dos homens santos,
vis berberes
Mas por tanto
também eu lhe querer
Decido, porém, não a
acordar
Não vá, com o
espanto, a perder
De pronto me diz
sem pestanejar:
«Bem me quer quem
assim só me não quer!
Toda a ti, amor, me
quero dar!»
Vale de Salgueiro, 4
de Abril de 2008
Henrique António Pedro
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