Quando ainda eu era pequenino
lá na minha aldeia
ainda se escrevia e lia
à luz da candeia de azeite
não havia sequer televisão
O maior deleite do coração
era ouvir e contar
histórias de amor e de encantar
ao calor da lareira
durante o serão
depois de cear a ceia
feita com amor por minha mãe
Pelo Natal porém
outra luz luzia
mas não era não
o luar dos pais natais
dos agentes comerciais
que hoje viajam de avião
Era a luz do Menino Jesus
que descia pela chaminé
pé ante pé
a hora já morta
já quase de manhãzinha
e nem sequer batia à porta
para não acordar ninguém
Era o encanto do Menino Santo
que por certo sem agasalho
e já a cair de sono
aquecia a Sua mãozinha
no borralho ainda morno
e sem se deixar ver
punha um presente no meu sapatinho
estando eu ausente
sem Lhe poder agradecer
Só depois o Divino Menino
voltava para junto de Maria
Sua Mãe
e de S. José
Seu Pai
para a manjedoira perfumada
acolchoada de palha doirada
em que acabara de nascer
lá na distante Belém
Era este o Natal sem igual
que os meninos pequeninos
como eu viviam com muita fé
fantasia
e indizível alegria
Vale de Salgueiro, sexta-feira,
4 de Dezembro de 2009
Henrique António Pedro
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