Apercebo-me de um mais débil pulsar
de badalas langorosas de cansaço
corro a dar corda aos meus relógios
para assim os espevitar
não vão eles parar
e com eles parar o tempo
Iludo-me…
Pensando que o tempo sou eu que faço
mas o tempo não tem origem em mim
apenas o mais puro sentimento
me vem de dentro
Ainda assim…
Como os maquinismos mecânicos
prolongam as horas e os dias
dos mecanismos do tempo
em badaladas mais sonoras
e prolongadas
Também…
Os beijos e os afagos
animam o bater dos corações
e reanimam
com seu calor
as maquinações da relojoaria do amor
e dão mais tempo
ao tempo
Mas o tempo…
Sempre está a acontecer
esgota-se por si só
com dor e desdém
sem dó nem piedade
e tudo acaba por morrer
de verdade
A menos que a mecânica celeste
com sua engrenagem cor-de-rosa
nos conduza em viagem
mais esperançosa…
… No além
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 22 de Abril de 2009
Henrique Pedro