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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

No outono da vida.

 


No outono da vida.

 

Os seus cabelos dizem não haver

no ar

a mais leve brisa do passado


Desnuda a alma

despenteia ilusões

que são outras tantas paixões

 

E atira beijos

sorrisos e desejos

de mel

já sem asas para voar

 

Que caiem na rua

e são pisados pelos transeuntes

que não se detêm

por não quererem ser

mal amados

 

Também eu reparei nela

postada seminua

à janela

 

Ouvi o seu chamamento para que a fosse libertar


Mas também eu já não levava tempo

para me perder


Já nada mais é

que uma rosa despetalada no Outono da vida


Oh, como é cruel! 

A vida!


Vale de Salgueiro, domingo, 10 de Julho de 2011

Henrique António Pedro