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sexta-feira, 19 de maio de 2017

A insana ânsia de imortalidade




Leva-nos para lá da morte

A ânsia de imortalidade

A insana procura da verdade
que nos leva a morrer
e a matar

É a insana ânsia de imortalidade
que nos faz cantar
bailar
amar
escrever
sofrer
tentar a sorte

É mais que vaidade
querer perlongar o viver
desejo de fama

Emerge do âmago do nosso ser

É Deus que nos chama



domingo, 14 de maio de 2017

Flores a florir o devir




Só será poesia
e ganhará voz
se germinar dentro de nós
e florescer no mundo

Se for pão
colhido na seara da vida
moído com fantasia
e amassado com o suor do rosto
e o mosto do coração

Se for pão cozido com dor
amor
e angústia

Flor
alegria
e alimento

Lembrança
esperança
verdade
ansiedade
e esquecimento

Flores a florir
o devir



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Este infausto acontecimento de me deixar apaixonar.



Ando a torcer
a retorcer
a espremer palavras
a bolsar ideias
iludido de que ando a pensar mas não penso
apenas sinto
a mim mesmo minto
e sôfrego
sofro

Dando asas a poemas
a este magno sentimento
infausto acontecimento
de me deixar apaixonar

Não de uma paixão qualquer
embora meta muito amor de mulher
a começar pelo amor de minha mãe

É o amor à vida
esta alegria de viver que me angustia
e me faz sofrer

É o medo da morte
e da má sorte
o temor do Além



domingo, 30 de abril de 2017

Só nos resta esperar que pare de chover e continuar a sonhar




Os Serviços Meteorológicos prometem trovoada
já para depois de amanhã

Oh, quanta angústia escusada
quanta lágrima antecipada
quanta sorte malsã!

Os colunistas de Astrologia
ainda vêem mais além

Vaticinam semana de sorte para Touro
prometem ouro a Sagitário
mostram a carta da morte a Aquário
mas não garantem nada a ninguém

As estradas causam ainda mais mortes
o Governo decreta mais cortes
e mais austeridade

Bruxos e adivinhos
políticos e maus vizinhos
anunciam guerra nuclear

Oh, quanta falta de verdade
quanto sono perdido
quanto sonho iludido
quanta aposta para nada
quanta ambição esparramada!

É azar a mais bater à porta
desta pátria semimorta
que a ninguém deixa viver

Só nos resta continuar a sonhar
e esperar
que pare de chover



quinta-feira, 27 de abril de 2017

A Fé que sinto é um instinto


É uma sede que não sacio
por mais água que beba

Uma fome que não mato com pão

Um desejo de amar que me não passa
por maior amor
ou bem
que eu faça

Esta Fé que eu sinto
é um instinto instante
uma angustiante insatisfação

É colapso da Razão
fracasso da inteligência

Esta fé que eu sinto
é o instinto de sobrevivência
do meu espírito