Estrela
1962
Na
quietude de uma noite estrelada
Fria mas
linda
Apareceu
uma estrela
Toda
doirada
Veio do
alto
Mesmo do
centro
Do enorme
Firmamento
Depois
Banhada
pelo luar
Desceu
Desceu
Parou
E na
quietude da noite estrelada
Seus raios
lançou...
A um
perdido
E mirrado
casebre...
Toda
doirada
E no
casebre
Bem
pequenino
Nasceu
Deus
O Deus
menino
Vale de Salgueiro, 25 de Dezembro de 1962
Arame farpado
1971
Uma névoa
de saudade
Invadiu o
campo
E as luzes
Não
iluminam claramente
As zonas
para cá
E para lá
Do arame
farpado
As árvores
são sombras
Carregadas
Na própria
sombra das imagens
E os
cantares dolentes
Perdem-se
Na
ausência de respostas
Da
floresta
Ninguém
percorre os trilhos
Esta noite
E aqueles
que não sentem
Guardam
respeito aos demais
De tudo
resulta silêncio
E ruído de
recordações
Que o
mesmo é saudade
Nangololo (Norte de
Moçambique), 24 de Dezembro de 1971
In Poemas da Guerra, de Mim e de Outrem
Esperança
2007
Não
conhecemos a data
Exacta
Em que
Jesus nasceu em Belém
É porém menos
lendário
O registo
da Sua morte
No Monte
Calvário
Por 2007
vezes nascerá Jesus
No imaginário
humano
Quantas
vezes mais morrerá
Transfigurado
em Cristo
No
sinistro calendário do ano?
O homem não
vive ainda o Natal
Mensagem
universal de Paz e Amor
A mentira,
o sofrimento e a dor
Esgotam o
espaço e o tempo
A notícia
e o noticiário
Expande-se
a tristeza da morte
Cala-se a
alegria do nascimento
Glorifica-se
quem mata
Por esse
mundo além
Avilta-se
a grandeza de ser mãe
Que Jesus continue
a nascer
Hora a
hora
Até Cristo
deixar de o Ser
Que viva dentro
de nós
E não
morra mundo fora
No Natal
acende-se a Luz
Do Amor,
da Paz e da Esperança
Nasça Deus
mais uma vez
Feito
criança
Salve-se o
homem Cristo
Da Cruz
Vale de Salgueiro, 26 de Novembro de 2007