Caminho em direcção ao Sol
A minha sombra
segue-me
persegue-me
vem atrás de mim
cola-se a meus pés nesse
ínterim
irritante
enorme
disforme
escura
rastejante
obscura
Rodopio de repente
volto as costas ao
astro rei
tomo o caminho de
sentido inverso
tão pouco parei
De pronto a minha
sombra me passa à frente
me repassa
sem desvio
em desafio
Se danço ela dança
se paro ela para
se corro ela corre
tão veloz quanto eu
Piso-a
trepo-a
pontapeio-a
Ela foge ao ritmo dos
meus pés
sempre colada ao chão
sem me sair da Razão
Gostaria que ela se
levantasse
e me enfrentasse
para eu poder ver
quem ela é
e quem eu sou
É só um temor que me
assombra
a minha sombra
um medo
um receio
uma amargura imerecida
que mora no meu
coração
O que eu mais queria
era ser transparente
ver-me por dentro
Gostaria que fosse
luminosa como o Sol
a minha sombra
colorida da cor do
amor
reflexo do meu viver
A sombra da minha
alma
é a minha poesia
Por isso escrevo um
novo verso
a cada passo
e passo a passo
passo a um novo poema
noutro compasso
Entoo nova eufonia
caio em novo dilema
até que o meu
espírito se cala
e se acalma
Vale de Salgueiro, domingo,
21 de Fevereiro de 2010
Henrique António Pedro