Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Escrevam poemas estúpidos, seus estupores!



Todo o poeta que se preza
escreve poemas estúpidos
sobretudo quando escreve poemas de amor
e paixão

O poema mais estúpido
todavia
será um dia
escrito por um poeta de verdade
em sua perfeita razão
e causará um completo estado de torpor
na Humanidade

Já se imaginaram a ler
ou simplesmente a ouvir ler
na versão original em língua materna
o poema “ O céu estrelado em Haergai”
do poeta chinês contemporâneo Xi Chuan
expoente da poesia chinesa moderna?

Ou o chefe índio cheyenne Touro Sentado
a declamar os “ Lusíadas” aos seus guerreiros
depois de vencer o general Custer
na batalha de Little Bighorn?

Para mim o poema mais estúpido da actualidade
já está escrito, porém
e é genial
embora se conheça mal
o estupor do seu autor
ou a sua nacionalidade
como convém

Tem o título “www”
um só verso de um só símbolo
o símbolo “@”
dito arroba
no idioma português
mais conhecido por “at sign” no inglês
que não rima com nada
não tem nexo
nem mete sexo
nem sabe a açorda

É o poema mais lido e transcrito
hoje em dia
e “linka” toda a poesia

Bem!
Escrevam os vossos poemas estúpidos
seus estupores
maníacos
façam alguma coisa de bem
pela Humanidade

Talvez um dia os vejam transcritos
para caracteres chineses ou siríacos
e premiados mesmo sem concorrerem a concurso algum


Ou proscritos da poesia

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Com a enxada da Razão na mão



Algo me compele

Me puxa
e me empurra

Será Deus?
Será o amor?
Será a angústia?

De pés descalços
e com a enxada da Razão
na mão
esgaravato a pele
cavo-me por dentro
garanto o meu sustento
com o suor do corpo
e o sopro
Dos pulmões

Semeio poemas no vento
que não sei aonde irão poisar
se não morrerem sepultados
à partida
por mim rejeitados

O meu melhor húmus
está no coração
bem no âmago de mim
onde cultivo um jardim

de afectos perfumados

terça-feira, 4 de junho de 2013

Regresso de para onde nunca parti



Digresso
e mais uma vez regresso
de onde nunca estive
de para onde nunca parti

Regresso
aonde devo estar
para dentro de mim
que é o meu lugar
princípio e término

Este desejo de partir
de ir e vir
é meu destino

Nunca parto
nunca parti
nunca estive aqui

Mas parto
e torno a partir
entre mim e mim
entre o que sou e o que quero ser
sem nunca sair daqui

É uma forma de me evadir
de ser livre
e de me libertar
para me tornar a prender

E assim viverei

mesmo depois de morrer

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Mil virgens nuas bailam ao luar



Sempre que a abóbada celeste se converte
numa imensa piscina diáfana de luar
e espiritualidade
tendo por fundo a Terra

E à tona do luar flutuam as estrelas
cintilantes

Eu envolvo-me com mil rosas perfumadas
decepadas de espinhos
com mil virgens imaculadas
coroadas de diademas de poemas

E deleito-me nadando nu nos seus olhares
mergulhado em mil fantasias de prazer
e glória celestial

E mortal adormeço
embalado pelo pulsar dos seus corações
inebriado pelo doce arfar de seus seios

E acordo imortal
purificado de todo o mal
sem outros anseios
que não seja bailar nu com mil virgens ao luar
estabelecer o nexo do sexo
com a espiritualidade

Porque
cada mulher virgem que baila nua
ao luar
é uma deusa
e só um deus
poderá fazer florescer no seu ventre sagrado

um poema iluminado

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Esta democracia é uma porca



Esta democracia é rotunda
redonda
sem ponta por onde se lhe pegue
uma filha da mãe
que paga a quem não deve
e rouba a quem nada tem

É uma arreata
que zurze e ata os cidadãos à nora
pela rédea

É uma tragicomédia
insensata
uma pilhéria
uma gargalhada sonora
prenúncio de revolução

É um pântano de abstração

É uma cobra aninhada no seio da Nação
uma ninhada de ratos
a devorar-lhe as entranhas
e o coração

Esta Democracia é uma porca
que amamenta a corrupção

Já nada sobra
só ilusão!

Vale de Salgueiro, 31 de Maio de 2013
Henrique Pedro