sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Rio de amor a desaguar em mar de poesia
Se o poema tiver
alegria
a iluminar a Razão
Se calar fundo no
coração
Se for rio de amor
a desaguar
em mar
de poesia
Leve como pena
em lago de saudade
Ponte
e aperto de mão
Grito
hino de liberdade
Se for lido
relido
e sentido
sem condição
Então o poema valerá a
pena
Será verdade
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
A quem devo perguntar?
Ando perdido
desde que
ganhei consciência de mim
e do mundo
e experimentei
a dor
e o amor
A quem devo
perguntar
quem sou
donde venho
para onde vou
sendo assim?
O que devo
fazer?
O que faço aqui?
Minha mãe respondia-me
com beijos
e afagos
com sorrisos
vagos
e angústia
por tanto me
amar
Meu pai
com o suor do
rosto
em cujas gotas
refulgia o luar
A ciência
quanto mais me
mostra
mais me
esconde
A quem devo
continuar
a perguntar
então
senão a mim e
a Deus
no mais fundo
do meu coração?
Quem mais
alguém será capaz de me responder?
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
A angústia maior é a Lua
A angústia maior é a Lua
que inunda a Terra de prata
e de sombras fantasmagóricas
de humanos que continuam a sofrer
indefesos
ao luar
sem o merecer
e sem reclamar
E as estrelas que brilham
e cintilam nos olhos das crianças
são angústias pequeninas
transformadas em esperanças
Mas a esperança maior é o Sol
que todos os dias se levanta
esplendoroso
em alarde de alegria
e se deita ao cair da tarde
com amor
para se erguer de novo
no alvor
de um novo dia
Por isso devemos ter fé
e acreditar
que a humanidade acabará
por se salvar
sábado, 24 de outubro de 2015
O universo tem tamanho e forma de verso
A vida é frustração
o cosmos é caos
e o universo
tem tamanho e forma de verso
O amor é uma flor
e a Terra
um paraíso perdido
Dor
é aberração
e sofrer
não tem sentido
Eu
vagabundo
apesar do mundo que já
vivi
amei
e sofri
continuo sem me
entender
Nem a mim
nem a ninguém
Forçoso é continuar a viver
por bem
ainda assim
sábado, 3 de outubro de 2015
Ar a voar pelos ares
Ar a voar pelos ares
É ar a voar pelos ares
o vento
É sopro que atiça o fogo
É instrumento de sopro
a tocar
pulmão do talento
de soprano a cantar
perfume a tear o lume da paixão
É ave
de asas
a adejar
É pensamento
o vento
a soprar por nós a dentro
É pé de povo revoltado
É balão insuflado de vaidade
até rebentar
É odre podre a peidar
É fole a soprar
sem ter nada dentro
É verdade
o vento
a varrer o lixo prolixo
das ruas do nosso viver
É nuvem de lágrimas
à procura de regaço
onde se verter
É respirar ofegante
de quem quer vencer
É ar a voar pelos ares
É ar em movimento
o vento
Vale de Salgueiro, sábado, 24 de
Janeiro de 2009
Henrique António Pedro
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