Sentada
no chão
À
entrada do adobe esburacado
De
semblante alucinado
Com o
filho moribundo nos braços
É uma
estátua de morte viva
Uma
imagem trágica
Que
me tolhe os passos
No
crânio da criança
A
fome esculpiu uma caveira
A
boca febril é pasto de moscas
Os
olhos mortiços saltam-lhe das órbitas
A
barriga prenhe de fome
Parece
prestes a parir a morte
Já os
ossos lhes rasgam a pele
A mão
estendida da mãe
Rasga-me
o coração
A sua
súplica silenciosa
Fura-me
os tímpanos
A sua
agonia é a mim que primeiro mata
Que
tenho eu para lhes dar?
A
arma?
Um
sorriso?
Uma
lágrima sentida?
Dou-lhes
a ração de combate
Sacio a boca febril da criança
Com a
água do cantil
No
rosto da mãe
Esboça-se
um ténue sorriso
De
esperança
Agradecida
Agradecida
Não
tenho coragem para prosseguir
E
deixá-los ali
Sós
A
agonizar
Neste
deserto
Aqui
tão perto
No deserto da humanidade
Algures
no Deserto do Sahara)
xviii-vii-mmix