O País está em crise
a Nação em comoção
O Estado foi espoliado
a Pátria expatriada
a República traída
a Língua assassinada
a Democracia pervertida
À História roubaram a glória
Ouvem-se Álvares Pereira, Gama e Camões
Albuquerque e Vieira
Santo António de Lisboa e Fernando Pessoa
a protestar
As armas de Abril não chegaram a florir
Há cardos a florear na lapela
dos campeões do regime
democracia do crime
nova ditadura dos donos da fartura
da vida boa e bela
a cantar e a sorrir
E há cravos a cravejar o peito do povo servil
cravados pelo socialismo radical
pelo capitalismo mais vil
os traidores de Portugal
Nas ruas da amargura batem os corações
das multidões esfomeadas
injustiçadas
dos sem eira nem beira
a reclamar
A cantar um canto de desencanto
em seu peito febril
a jeito de quem diz: retomai Abril!
com verdade e em liberdade
votar já não basta
já de nada vale votar
A Bem da Nação, portugueses, gritai basta
votai sim, mas dizei não!
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 8 de Dezembro de
2010
Henrique António Pedro