Há, em mim, uma angústia crónica
Há
em mim
uma angústia crónica
que não tem a ver
com sucessos ou derrotas
amores contrariados
saldos bancários
deficitários
com a crise instalada
ou qualquer glândula
avariada
É uma angústia
telúrica
que a terra
exala
É hálito podre dos
monturos de dejectos
do carvão e do
petróleo
do alcatrão das estradas
dos escapes dos
motores
da borracha e do
óleo
da tirania dos
ditadores
dos políticos
impostores
Há
em mim
uma amargura
emergente
um aperto de coração
que tem a ver com a
política
com o rumo que leva a
civilização
É uma amargura a um
tempo cósmica
e telúrica
a dizer-me que assim
não vamos a lado
nenhum
que nem valerá a
pena ousar conquistar o Espaço
Amargura telúrica
emanada do ar e da
água
que causa nos seres
profunda mágoa
Angústia cósmica
crónica
vinda dos confins do
universos
que polui mentes,
palavras e o versos
Que me levam à
contemplação das estrelas
no silêncio da noite
A refugiar-me nos
templos
em oração
a procurar refúgio
na Eternidade
Porque indiciam a
agonia da Terra
o fim da Humanidade
Vale de Salgueiro, domingo,
2 de Novembro de 2008
Henrique Pedro