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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Fado do mal-amado

 


Fado do mal-amado

Nunca houve outro amor assim

Uma tão cruel paixão entontece

Entrega tão pura ninguém merece

Nem sendo a mulher um querubim

 

Agora choro lágrimas sem fim

Meu pranto ao longe se esmorece

Como uma mal sucedida prece

Que amargamente se vai de mim

 

A fada cruel quebrou o encanto

Para sempre seu coração calou

Esta é a razão deste meu pranto

 

Mas a vil paixão de mim não voou

Por isso cantar este triste canto

É fado amargo que me tocou

 

 

Chaves, 8 de Março de 1966

Henrique António Pedro

 

sábado, 12 de agosto de 2023

Amar sem condição

 


Amar sem condição

 

Ser capaz de amar ou de bem-querer

Todo o humano é, sem condição

Não requer, sequer, esforço da Razão

Só predisposição para bem-fazer

 

Para todos os agravos esquecer

Abrir os braços e estender a mão                           

A quem nos ofende conceder perdão

Melhor é ter amigos até morrer!

 

Para dar com pura generosidade

Amor a quem só tem dor e sofrimento

Ajudar sem interesse ou vaidade

 

E também a quem votamos sentimento

Darmo-nos por inteiro e com verdade

Sem esperar algum agradecimento

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Porque não morrer de puro prazer?

 


Porque não morrer de puro prazer?


Porque haveremos nós de tanto sofrer

Continuando nesta vida a penar

Sem que nada, nem ninguém, nos possa salvar

Se fácil e gostoso, pode ser, morrer?

 

Porque não matarmo-nos de puro prazer

Em vez de passarmos os dias a chorar


Se até a paixão, instinto de amar

Sempre acaba por mais nos fazer sofrer?

 

Espera não viver sempre neste inferno                         

Quem crê que ser feliz no Além tem sentido

Porque também acredita que é eterno

 

E mais crê que Jesus, o Cristo, o Ungido

Nos veio, sim, resgatar, num gesto fraterno

Por isso viver é o maior motivo

 

Vale de Salgueiro, 28 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sábado, 5 de agosto de 2023

Aos poetas do “Facebook”

 


Aos poetas do “Facebook”

 

Andam, errando, pelo mundo além

Milhares de poetas e trovadores

Carregando suas dores e amores                               

Sem encontrar quem lhes dê lar, ou vintém!

 

Se batem à porta do Face, porém

Mesmo sem que ninguém lhes deva favores

Ou deles sejam, sequer, devedores

Logo lhe dizem: - Entra! Se vens por bem!

 

Muitos cá penduram pote e capote.

No Face fazem seu ninho com verdade.

Com eles conviver é sim, grande sorte!

 

Outros, poucos, só arribam por vaidade.

Que tomem outro rumo, um novo norte!

Deixarão apenas fumo e não saudade!

 

Vale de Salgueiro, sábado, 6 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Primeiro amor



Primeiro amor

 

Vem de mão dada com a Primavera

Ambas de mil flores engrinaldadas

De aromas campestres perfumadas

Encantado poeta as espera

 

Cantam amor e paz em toda a Terra

Entoando as mais belas baladas

Com as aves canoras afinadas                                               

São musas da poesia mais vera

 

Surgem lindas pelo amanhecer

A Primavera, a mulher amada

Primeiro amor em nós a nascer

 

Primavera! Poesia! Mulher!                              

Que lindas e alegres aliadas!

O poeta sonha. Deus assim quer!

 

Vale de Salgueiro, 12 de Abril de 2008

Henrique António Pedro                                                      

 


domingo, 30 de julho de 2023

A Luís Vaz de Camões




A Luís Vaz de Camões

 

Vi-te chorar nessa praia luzente

A lírica ave, esse teu amor

E como tu, triste, ruído de dor

Quisera sofrer lá no Oriente

 

Cuidando em mim como em ti fizeram

Dois olhos meigos eu quisera ter

E de puro amor por fim morrer

Como tu, como poucos que souberam

 

Canora lira geme novamente

Leda e saudosa melodia

Em tudo, em nada diferente

 

Do som que belas tágides tiveram

Quando desta terra se partia

Querido ser que em Babel depuseram

 

Chaves, Junho de 1964

Henrique António Pedro

 

 

 


sexta-feira, 28 de julho de 2023

Luas de mel

 



Lua de mel

                                                          

Quatro são as fases lúdicas da Lua

Que sempre muda de forma, brilho e cor

Quando ao findar do dia se debrua

De terno romantismo e meigo amor

 

Ao poeta que deambula pela rua

Vertendo em poesia a sua dor

É a paz da Lua que o apazigua

Banhando-o de luar e doce calor

 

Mas dizemos que a Lua é mentirosa

Porque minga se o Quarto é Crescente

E cresce no Minguante, indecorosa

 

A Lua Nova não se vê, é aparente

Mas a Lua Cheia que opa, cor-de-rosa

De amor doce como mel, é a mais ardente

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 3 de Junho de 2010

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Pai, Mãe, Amor, Paz

 

 


Pai, Mãe, Amor, Paz

 

Há palavras que valem por si.

São palavras dotadas de alma!

Põem humanos em frenesi                                             

Mesmo ditas na maior calma

 

A primeira que eu proferi:                                                    

A palavra “Mãe”, leva a palma!

E a segunda que entendi:

A palavra “Pai”, só me acalma!

 

E por o mundo ir do avesso

Endireitá-lo, grande dilema!

Só a palavra “Paz” tem sucesso!

 

A maior de todas, confesso                               

É corpo e alma do poema

É “Amor”, chave do Universo

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 18 de Julho de 2008

Henrique António Pedro

 

 


terça-feira, 25 de julho de 2023

As rosas!

 


As rosas!

 

Rosas brancas, negras, rubras ou amarelas

Aveludadas, rugosas ou multicores

Numa só, a magia de todas as flores

Outras não há assim tão lindas como elas

 

Perfumadas ou inodoras, sempre belas

Iluminam os olhares com seu amor

Alegram os corações com as suas cores

Alindam os campos, os lares, as capelas

 

Mas as rosas têm certo jeito de amar

Por vezes malicioso e doloroso

Sempre arranjam forma certa de picar

 

Mesmo a quem as afaga, amoroso

Apenas com a ideia de as mimar

As rosas afastam com seu ar caprichoso

  

Vale de Salgueiro, terça-feira, 5 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

domingo, 23 de julho de 2023

As flores do meu coração

 


As flores do meu coração

 

Perfumadas ou não, pelas rosas tenho paixão

Mesmo se os seus espinhos me arranham a pele

Quando a tentação de cortá-las me impele

Mas elas acabam por lancetar meu coração

 

Também aprecio o cravo, a flor da Nação

Em Abril glorificado pelo povo alegre.

A tília é um amor pelo odor que expele

À mística açucena voto adoração

 

Laranjeira, amendoeira e a cerejeira

São árvores de fruto com flores de encantar

Artifícios da Mãe Natureza feiticeira

 

Especial afecto sinto pela sardinheira

Verde e rubra, aveludada e popular

Cheira a sardinha a flor do povo padroeira!

 

Vale de Salgueiro, 26 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

sábado, 22 de julho de 2023

Uma mulher por Estação, porque não?!

 

 




Uma mulher por Estação, porque não?!

 

Tão pródiga é a nossa Mãe Natureza

Que em cada época a todos avia

Com flores e frutos da maior beleza

Que enchem as nossas vidas com alegria

 

Mas se houvesse uma maior justeza

O homem viveria com mais harmonia

Se tivesse essas benesses, com certeza

E amor mais ajustado por companhia

 

Uma mulher por cada Estação, porque não?!

De corpo e alma adaptada ao clima

Sendo leve, fresca, airosa no Verão

 

Com a Primavera, a romântica rima

No Outono mais convém dar paz à paixão

Já no Inverno, a fogosa, mais anima

  

Vale de Salgueiro, sábado, 10 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 


quarta-feira, 19 de julho de 2023

Vã glória e vil fama

 

 


Vã glória e vil fama

 

 Deslumbrante é a vã e vil fama

 A glória insana deste mundo

 A ilusão que a muitos engana

 A riqueza e o poder imundo

 

 E deslumbrado é quem se ufana

 Do seu poder cruel e furibundo

 Estulto algoz da raça humana

 Que explora o povo sitibundo

 

 E aloucado aquele que pensa

 Em dominar, um dia, toda a Terra

 Pela mentira e pela ofensa

 

 Só o Amor de verdade compensa

 Todo o encanto em si encerra

 E a sua força, sim, é imensa

 

 Vale de Salgueiro, 26 de Abril de 2008

 Henrique  António Pedro

 

sábado, 15 de julho de 2023

Paz na Terra


Paz na Terra

in “50 Sonetos de Bem Amar e Bem-querer “(Inédito)

 

Se eu pudesse acabar já com a guerra

E decretar Amor e Paz por toda a parte

Com poesia ou qualquer outra arte

Nem um só dia ficaria à espera

 

A tantos humanos a guerra desespera

E tão grande é o sofrimento que comparte

Que urge erguer bem alto o estandarte

Da cooperação, na paz. por toda a Terra

 

Sem outra exigência ou condição

Que não seja amar-nos como Cristo diz

Como bons irmãos do fundo do coração

 

Fazer da Terra inteira um só País

E de todos os povos uma só Nação

Criar nova Civilização de raiz

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 14 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 


sábado, 8 de julho de 2023

Ser-se poeta é um ser-se para o amor

 



 

Ser-se poeta é um ser-se para o amor

 

Ser-se poeta…

é ser-se anormal

ser-se amoral

não conhecer nem o bem

nem o mal

 

Ser-se poeta…

é ser-se inocente

ser diferente de toda a gente

não se ter maldade

 

Ser-se poeta…

é procurar a verdade

sem obedecer a nenhum poder

é sentir a dor dos outros

e com os outros sofrer

 

Ser-se poeta…

é sentir prazer

sem praticar imoralidade

 

Ser-se poeta

é um ser-se para o amor

 

Ser-se poeta…

É aspirar à imortalidade

 

Vale de Salgueiro, domingo, 27 de Junho de 2010

Henrique António Pedro


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Os cinco entes que sou

 


Os cinco entes que sou

 

Afectado de soledade

fascinado de quietude

essa virtual virtude

que leva o corpo a espairecer

diluo-me no tempo

ao entardecer

 

Mergulho o cérebro no éter

que adormece

 

E enquanto o corpo desfalece

e a alma se banha no luar

o espírito pôe-se a divagar

 

Assim dividido

melhor me diviso

nos cinco entes distintos que sou

e que andam amarradas à vida

e à sorte:

 

- O corpo que sente

- A razão que raciocina;

- A alma que paira para a morte;

- E o espírito que livre,

  vive

  mas não morre

 

E o outro, ainda

que não sou

mas quero ser

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 30 de Julho de 2009

Henrique António Pedro

in Introdução à Eternidade 

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia) 

1.ª Edição, Outubro de 2013