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terça-feira, 9 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XVIII Loucuras de amar que não versejo)




XVIII

Loucuras de amor que não versejo


Desnuda-se, serena e silenciosa
Recobrindo-se de diáfano fascínio
Contemplo-a, impaciente, por desígnio
Certo de que se entregará, pressurosa

Depois, é deliciada e deliciosa
Sorrindo, cúmplice do meu raciocínio
Que me leva a perder o autodomínio
Bela, sensual, permissiva, amorosa

Tomo-lhe o corpo, que afago e beijo
Faz-me o mesmo com gritos de alegria
Entrelaçados de prazer e de desejo

Entontecidos pela mesma afrodisia
Caímos em loucuras que eu não versejo.
Descrevê-las, sim, seria pornografia!


Vale de Salgueiro, 14 de Maio de 2008
Henrique Pedro

terça-feira, 2 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XIII Paixão é ...)




XIII

Paixão é ...

Paixão é pulsão pulsante, é atração
É o fruto da sedução e do cortejo
É a chispa radiante dalgum desejo
É uma brasa acesa no coração

Que acaba por virar em negro carvão
Quando com triste e dorido arpejo
Porque o amor não logrou o seu ensejo
Se apaga sem apelo nem compaixão

Se o puro amor a alma não abrasa
Deixa o coração de ser uma fornalha
E de pronto a paixão perde sua asa

Estiola e arde como simples palha
E o tição que aceso foi rubra brasa
Acaba em cinza que o vento espalha


Vale de Salgueiro, segunda-feira, 1 de Novembro de 2010
Henrique António Pedro

sábado, 29 de setembro de 2018

Uma deusa dormindo





Uma deusa dormindo


Enlevado, acordo de madrugada
Com a minha amada ainda dormindo
Em nosso tálamo de amor reclinada
Como uma deusa no sono sorrindo

Tão feliz, que decido não a acordar
Optando por ficar em fiel vigília
A inalar o doce odor de tília
Que o seu respirar exala no ar

Depois, quando, por fim, desperta ela
Finjo agora eu ainda dormir
Embora já o Sol ria à janela

Ela beija-me, sem parar, a sorrir
Sempre cada vez mais meiga e mais bela
Até que eu, sem mais, deixo de fingir


Vale de Salgueiro, sexta-feira, 26 de Março de 2010
Henrique Pedro



sexta-feira, 28 de setembro de 2018

50 Sonetos de Amor (X Fado do mal amado)



X

Fado do mal amado


Nunca houve outro amor assim
Uma tão cruel paixão entontece
Entrega tão pura ninguém merece
Nem sendo a mulher um querubim

Agora choro lágrimas sem fim
Meu pranto ao longe se esmorece
Como uma mal sucedida prece
Que amargamente se vai de mim

A fada cruel quebrou o encanto
Para sempre seu coração calou
Esta é a razão deste meu pranto

Mas a vil paixão de mim não voou
Por isso cantar este triste canto
É fado amargo que me tocou


Chaves, 8 de Março de 1966
Henrique Pedro

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

50 Sonetos de Amor ( IX Coisas que me dizes sem querer)




IX
Coisas que me dizes sem querer

Dizes-me coisas que nada me dizem
Coisas que a mim me fazem sofrer
Coisas que tu não dizes por dizer
Coisas que a ti só te contradizem

Coisas que tu me dizes sem querer
Coisas que os teus olhos bem desdizem
Coisas que contigo não se condizem
Coisas que tu dizes, mas a doer

Coisas que a ti dizes sem saber
Coisas p`ra que meus olhos ajuízem
Coisas de bem-querer, é bom de ver

Coisas e sorrisos a desdizer
Coisas que de ti mesma tão bem dizem
Coisas e coisas só p`ra me prender


Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Junho de 2012
Henrique Pedro