Este poema sensaborão
é a primeira abóbora que
despontou na minha horta
neste Verão
Que eu ofereço com alegria aos
deuses da poesia
para que jamais me falte a
inspiração
para cozinhar
saborosas sopas de versos
É uma abóbora amarelada
rechonchuda
com um pequeno pedúnculo que o
ligou à erva mãe
para se alimentar
e que agora apenas serve para se
lhe pegar
Assim sendo nem os mais
perversos se atreverão a dizer
que este poema
não tem ponta por onde se lhe
pegue
Até porque também tem o coração
repleto de sementes
as pevides
que depois de secas e de novo lançadas
à Terra
irão reproduzir novos poemas
com que se poderão cozinhar
novas saborosas sopas de poesia
A primeira abóbora que
despontou na minha horta
neste Verão
é este poema sensaborão que só
não aplaudirá
quem não gostar de sopa de
abóbora
ou não perceber pevide
de poesia
Ora…
abóboras
Vale de Salgueiro, terça-feira,
16 de Junho de 2009
Henrique António Pedro