(Varsóvia, 15 de
fevereiro de 1910 - Varsóvia, 12 de maio de 2008),
Chorei!
Lágrimas líquidas
verdadeiras
Rolaram-me pela
face, silenciosas
Sinceras,
sentidas, condoídas
Agora que sem a conhecer
A conheci
Em silêncio, mas
chorei!
Lágrimas salgadas,
reais
Envergonhado da
minha pequenez
Da placidez do
meu egoísmo
Ante o sereno
heroísmo
De Irena Sendler
que eu não conhecia
Tão grande ela é
que se escondia
Tão cego é o
mundo que ninguém a via
Chorei!
Lágrimas ácidas
Porque sofri no
mais fundo de mim
Por todas as
crianças vítimas do holocausto
Submetidas ao
martírio nazi
Á má sorte
Ao mais atroz
sofrimento
Á fome, ao frio,
à doença
Á hedionda
separação de suas mães
E que Irene
heroicamente socorreu
E salvou da morte
Chorei!
Lágrimas de
sangue de espaço a espaço
Por Irena
torturada às mãos da Gestapo
Chorei
Lágrimas de luz
De suave alegria
interior
Por ver que Deus nosso
Senhor Jesus
Quando maior é a ignomínia
dos homens
E mais malvado o
seu desígnio
Sempre inspira algumas
almas maiores
A minimizar a
desgraça
E a mostrar-nos o
caminho
Coloco este poema
Feito flor
Na montanha de
flores
Que todos os dias
E nunca será
tarde demais
Perfumam o quarto
da anciã Irena
No asilo de
Varsóvia aonde se esconde
Na sua
inesgotável bondade
Obrigado Irena pelo
seu heróico exemplo
Obrigado por si
Louvada seja por
todo o tempo
Nota: Irena
Sendler morreu dias depois d eu ter escrito este poema.
Vale de
Salgueiro, 30 de Abril de 2008
Henrique António Pedro