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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Irena Sendler

 


(Varsóvia, 15 de fevereiro de 1910 - Varsóvia, 12 de maio de 2008),

 

Chorei!

Lágrimas líquidas verdadeiras

Rolaram-me pela face, silenciosas

Sinceras, sentidas, condoídas

Agora que sem a conhecer

A conheci

 

Em silêncio, mas chorei!

 

Lágrimas salgadas, reais

Envergonhado da minha pequenez

Da placidez do meu egoísmo

Ante o sereno heroísmo

De Irena Sendler que eu não conhecia

Tão grande ela é que se escondia

Tão cego é o mundo que ninguém a via

 

Chorei!

 

Lágrimas ácidas

Porque sofri no mais fundo de mim

Por todas as crianças vítimas do holocausto

Submetidas ao martírio nazi

Á má sorte

Ao mais atroz sofrimento

Á fome, ao frio, à doença

Á hedionda separação de suas mães

E que Irene heroicamente socorreu

E salvou da morte

 

Chorei!

 

Lágrimas de sangue de espaço a espaço

Por Irena torturada às mãos da Gestapo

 

Chorei

 

Lágrimas de luz

De suave alegria interior

Por ver que Deus nosso Senhor Jesus

Quando maior é a ignomínia dos homens

E mais malvado o seu desígnio

Sempre inspira algumas almas maiores

A minimizar a desgraça

E a mostrar-nos o caminho

 

 

Coloco este poema

Feito flor

Na montanha de flores

Que todos os dias

E nunca será tarde demais

Perfumam o quarto da anciã Irena

No asilo de Varsóvia aonde se esconde

Na sua inesgotável bondade

 

Obrigado Irena pelo seu heróico exemplo

Obrigado por si

Louvada seja por todo o tempo


Nota: Irena Sendler morreu dias depois d eu ter escrito este poema.

 

Vale de Salgueiro, 30 de Abril de 2008

Henrique António Pedro


2 comentários:

  1. Linda homenagem à mulher corajosa, Anjo, heroína dum tempo terrível , quando a civilidade/humanidade foi devorada/ substituída pela barbárie do nazismo . Parabéns Poeta , pelo excelente texto poético. Um abraço

    Alice

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