ANJO ANGUSTIADO
Deito-me sobre a relva
Em posição decúbito dorsal
Na ilusão fundamental
Inconsistente pensamento
De que ocupo sempre o centro do
Firmamento
Vá para onde for
Deite-me com quem me deitar
Percebo a Via Láctea à minha
esquerda
No céu límpido
Semeado de estrelas
Da direita chega-me o perfume
das tílias
Floridas neste início quente de
Verão
Fixo a vista na Estrela Polar
Aí me prendo a sonhar
Em breve a minha angústia
Alaga todo o Universo visível
E mais os invisíveis
Acabo por adormecer
Como um anjo angustiado
Vale
de Salgueiro, sábado, 28 de Junho de 2008
Henrique António Pedro
in
Angústia, Razão e Nada (Editora Temas Originais-2009)