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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

ESTA SAUDADE CADELA

 


ESTA SAUDADE CADELA


Esta saudade cadela

morde-me e ladra-me a toda a hora

furiosa

e não me deixa dormir

 

Em vão tento amansá-la

imaginando a minha amada

saudosa

a sorrir-me

amorosa

a escrever este aerograma

que agora tenho na mão

e em que me diz que me ama

 

Aerograma que leio e releio

e mas mais me enleio

nesta cruel nostalgia

saudade cadela

insidiosa

que à lua ladra à toa

 

Só mesmo a poesia

dá conta dela!

 

Nangololo, Cabo Delgado (Norte de Moçambique), Agosto de 1972

Henrique António Pedro

In Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)


6 comentários:

  1. Que lindo poema. Transporta-nos para o tempo da mocidade e do tempo dos aerogramas militares, das madrinhas de guerras, do tempo do ultramar,quando o futuro era muito incerto. Parabéns, gostei muito.

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    1. Agradeço a simpatia da sua visita e a generosidade de suas palavras, distinto amigo Serafim. Abraço.

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  2. Uma guerra colonial anacrónica que fez sofrer inutilmente milhares e milhares de pessoas....

    Deixo aqui os meus parabéns pela condecoração e os meus agradecimentos por nos ter liberto da ditadura.

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    1. As guerras são por natureza dolorosas e, portanto, indejesejáveis. Agradeço a sua visita simpática e o comentário generoso. Abraço.

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  3. Boa noite! Não percebo porque o Henrique Pedro não tem visibilidade a nível nacional, sendo um dos melhores transmontanos e os seus romances cativam-nos. Cada vez me convenço mais que não conseguimos ser «profetas na nossa terra». Mas, o caminho faz-se caminhando, por isso, vamos andando. Parabéns pela sua escrita poética e pelos seus romances. Jorge Lage

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    1. Estimado amigo Jorge Lage: a visibilidade é o que menos importa. Importante é mesmo é a troca de ideias e a amizade. Agradeço a sua visita e as palavras elogiosas. Abraço.

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