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sábado, 31 de janeiro de 2015

Poesia que sinto e não escrevo


 

Passa nas nuvens
nos sonhos
nos desejos
a correr
fugaz

Sob mil formas de amar
e de sofrer
de vento
e de contratempo

A poesia que sinto e não escrevo

Porque não sei
não quero
não tenho tempo
ou não sou capaz

A poesia que sinto
e não sei escrever
é angústia
é tormento

Epifenómeno do meu viver

sábado, 17 de janeiro de 2015

A mim não me importa o que escrevo


 

 
A mim não me importa o que escrevo
nem se o faço no vento
na água
no tempo
ou noutro meio qualquer

 
Muitas vezes nem sei o que digo
o que faço
ou semeio sem querer

Importam-me sim
as mil coisas que outros leem
naquilo que eu escrevo
com enlevo

Cada um à sua maneira
seja qual for sua cor
ou sua bandeira

A mim
basta-me pensar
que cada novo verso

que eu publicar
por mais bisonho
abre um novo universo
que alguém irá povoar
de sonho

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O AMOR COMO O FOGO


 
 
Percebemos o fogo
como algo exterior aos corpos
que os queima
os consome
e reduz a cinza

Na verdade
o fogo
está neles

É o Sol aprisionado
que se liberta
na combustão

Percebemos o amor
como algo que nos é exterior
se apodera de nós
e nos transforma

Mas não
o amor está em nós

É centelha divina
que se liberta
e retorna a Deus

sábado, 10 de janeiro de 2015

Plantando poemas


 

 

O meu exercício predilecto
que faço com agrado e afecto
é plantar um poema
com a pena
ou com o teclado

Ou simplesmente com a pá
quando escavo o húmus da vida
e planto árvores
sorrisos e abraços
por todo o lado

Uma tília perfumada que seja
um pé de chá
ou uma chávena de café
simpatia que se veja

E o odor da infusão
e a força da fé
penetram fundo no meu coração
me transmitem calma
e me deixam a alma
consolada

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Um Novo Ano já este ano era bom que fosse


 

 

Uma volta mais a vida dá
em torno do sol
da ilusão

Sem se saber desde quê
e até quando
baterá
o coração

Folha de calendário
encadernado em fadário

Desprendida dos ramos
dos anos

Despedida de tudo
chegada de mais nada

A não ser
mais sonho
mais dor
menos amor
e parca poesia

Baile de fantasia

A alegria e o sofrimento
não têm tempo

Trá-los
e lava-os
o vento

Um novo ano já este ano era bom que fosse

Diferente
para tanta gente
para quem todos os anos são iguais
fartos de lágrimas e ais

domingo, 28 de dezembro de 2014

Não só pelos olhos a alma sai


 

 

Não só pelos olhos a alma sai
para se dar a ver
e ver o mundo

Para se cruzar com outras almas
e se dar a conhecer

Não só pelos olhos a alma sai
para se divertir

Também pelos lábios
a sorrir

Não só pelos olhos a luz entra
para iluminar
a Razão

Também pelas mãos
ouvidos
e demais sentidos

É com olhos acesos na alma
que vemos no escuro
e o espírito se ilumina

É pela auto-estrada do coração
que alma circula
se anima
e estua
noutra dimensão