O
relógio da sala de janta bateu doze badaladas
premonitórias
de
desilusão
Tocou
as notas introdutórias
com
poesia
e
depois doze badaladas sonoras
espaçadas
metálicas
marteladas
sem
melodia
Amanhã
por esta hora
serão
de novo horas de me deitar
ainda
que sem dormir
Quando
ouvir o relógio analógico badalar
em
contraposição à insana inovação
que
põe milhares de relógios digitais a piscar
obrigando
a Humanidade a correr
apressada
Dessincronizada
com o Cosmos
com a
imaginação
limitada
a cortar
a respiração
Preferiria
antes ouvir
relógios
analógicos a badalar
crocitar
cucar
e porque
não
balir
Como
quando o galo
madrugador
com seu
estridente estertor
anunciava
a alvorada