Vem, amor, vem!
Vem,
amor, vem!
senta-te
aqui a meu lado
e esquece
por
agora
essa dança
de sedução
Reclina
a cabeça no meu peito
a
jeito de deusa
e deixa
que a brisa
roçague
os teus cabelos de mansinho
por
sobre o meu rosto
como
fios de seda em desalinho
Mas fiquemos
calados
deixando
que os nossos corpos
se
comprometam
em
surdina
mesmo
contra nossa vontade
Deixando
que a libido
e
demais humores
fervam
em banho-maria
e nós
em silenciosa alegria
com a ideia
de que temos o imenso oceano por cama
não
apenas uma toalha estendida na areia da praia
ou os
lençóis de cambraia do leito conjugal
porque
o tálamo nupcial das almas é o Cosmos
tecido
de amor e espiritualidade
Vem,
amor, vem!
deixa
que a minha mão escorregue
delicada
por
entre o botão desapertado da tua blusa
não
para acariciar o teu seio
mas para
sentir o palpitar do teu coração
E coloca
também tu
a tua
mão
no meu
peito
para
escutar a mesma doce arritmia
e
afinar essa mística melodia
pelo
mesmo diapasão
Vem, amor,
vem!
E vê por
ti mesma
que
não és apenas mais uma mulher
uma
fêmea qualquer que deseja e apetece
antes
uma alma livre que no amor
se
recria e engrandece
Mas
não me olhes apenas como mero macho
que te
deseja e te quer ter
fica também
a saber
que há
uma infinidade de outras volúpias para comungar
Vem,
amor, vem!
Mas não
queiras ser amante por agora
já
a
correr
sê
apenas musa
parceira
desta doce aventura
companheira
de viajem desta romântica longa-metragem
Vem,
amor, vem!
Vem
partilhar comigo a vertigem de amar
verificar
a força sublime do Amor
descobrir
coma a magia do luar
de uma
serena noite de Verão
poderá
transformar uma terna carícia
um
beijo verdadeiro
um apaixonado
congresso
no
ingresso da Redenção
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 3 de Setembro de 2010
Henrique
António Pedro