Era
de amor e de glória
o
vento da História
que
na memória
se
não perdeu
Salazar
leu, por certo, inquieto
a
história aos quadradinhos para meninos
que
falava de Camões, Gama e Albuquerque
e
como qualquer moleque
sonhou
Imaginou
nova mítica ínclita gente
tomou
a peito o suspeito papel de ditador
e
ousou ir além do Bojador
qual
preito de virtude
Embalado
pelo legado de Xavier, Vieira e Pessoa
de
um tal Aleixo Corte-Real
de
um notório Honório Barreto
e
demais sagradas aparições
deste
e do outro mundo se houver
lançou à toa a lusa juventude
em nova epopeia
no
mar da doutrina de Cristo
em
caravelas de amor e verdade
ideia
de império místico salvífico
ébrio
de humanidade
Muitos
foram os que acreditaram
e
não desertaram
os
que ingloriamente morreram
Muitos
mais são hoje em dia
os
deserdados do patético império soviético
a
quem Deus nada dizia
nem
disse
e
acabaram por tudo perder
Muitos
aqueles a quem a mal quista marxista
internacional
socialista
dia
a dia desiludia
com
mentira, falsidade e fantasia
Qual
foice?! Qual martelo!?
Qual
punho fechado!?
Qual
sinistra globalização?!
Não
é que a velha portugalidade
que
irmanava brancos, negros e amarelos
agnósticos,
lobos e agnelos
numa
una lusa fraternidade
esteve
a beira de vingar?!
Mas
não!
Tudo
se afundou
na
criminosa, ignominiosa, trágica descolonização
Qual
foice?! Qual martelo!?
Qual
punho fechado!?
Qual
sinistra globalização?!
Só
uma nova portugalidade
plena
de justiça, amor e liberdade
a
brancos e negros poderá salvar
Henrique António Pedro
Vale de Salgueiro, 12 de Setembro de 2020