Rigorosamente
a partir das sete horas da manhã
de amanhã
hora a que habitualmente me levanto
deixarei de acreditar
e de ficar à espera
Porei de parte ilusões
ambições
fantasias
arrelias
sonhos de glória
e a ideia maior de passar à História
como herói ou santo
Deixarei de ter dúvidas
e de me angustiar
A partir das sete horas da manhã
de amanhã
rigorosamente
hora a que habitualmente me levanto
Limitar-me-ei a viver
a voar livre como os passarinhos
e a assobiar pelos caminhos
como quando era criança
quando ainda não sabia o que era angústia
nem esperança
A partir das
sete horas da manhã
de amanhã
deixarei de
lamentar a juventude perdida
irei
limitar-me a dar e a receber amor
a criar
alegria
a espantar a
dor
sem esmorecer
Rigorosamente
a partir das
sete horas da manhã de amanhã
vou mudar de
vida
limitar-me-ei
a escrever
poesia
Vale de Salgueiro, sábado, 19 de Dezembro de 2009
Henrique António Pedro
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