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quarta-feira, 10 de março de 2021

Fartos de fome


Os donos do Mundo vivem famintos

 

Famintos de poder

prazer

riqueza

e vanglória

 

Os famintos de pão

esses

morrem de tristeza

 

Fartos de fome

sem compaixão

nem misericórdia

 

Não há mentira capaz de enganar

tão vera verdade

 

Fartura capaz de saciar

tão crua penúria

 

Ciência capaz de curar

tão fria epidemia

 

Ideologia capaz de abafar

tão sinistra hipocrisia

 

Revolta capaz de branquear

tão negra injustiça

 

A dor e a miséria alastram por toda a Terra

a Humanidade morre farta de guerra

de ódio

opróbrio

 de falsidade

 

Faminta de verdade

de paz

e de amor

 

Só o amor-luz de Cristo Jesus

a poderá salvar

 

Vale de Salgueiro, sábado, 24 de Julho de 2010

Henrique António Pedro


sábado, 6 de março de 2021

Confinados nos confins da Razão

 



 

Entregue à sua própria maldição

Está a Humanidade confinada

Nos confins da Razão

 

Esperançada, embora, na complacência da ciência

Que a livre da miséria e da guerra

Do vírus e do vício

 

Oh, que avassaladora demência

Converteu a Terra num hospício!

 

Sem outra condição

Que não seja a contradição

Entre o progresso e a morte

 

Que procure outra melhor sorte

Outro mais feliz devir

Que não seja viver para morrer

 

Só o Amor, porém, lhe poderá valer

Se o Espírito a Deus se abrir

 

Haja clemência, Ó Criador!

 

Vale de Salgueiro, 28 de Abril de 2020



segunda-feira, 1 de março de 2021

Esquerda, direita, um, dois…



Esquerda, direita, um, dois…

 “boys”, “bois” e que tais

o mais que se verá

e o que já se viu

puta que os pariu

 

Não sou de esquerda nem de direita

nem do centro

sou do alto

transparente

independente

sou vertical

mais do bem que do mal

  

Tenho braço esquerdo e braço direito

mão esquerda e mão direita

não sou dextro

não sou esquerdino

sou destro desde menino!

 

Tenho perna direita e perna esquerda

pé direito  e pé esquerdo

só com ambos sei caminhar

e  muito melhor bailar

 

Olho esquerdo e olho direito

ouvido esquerdo  e ouvido direito

para melhor ver e melhor ouvir

uma só boca para bem falar

 

Dois hemisférios tem o meu cérebro

não sou lerdo

só com os dois sei reflectir

a Razão formatar

 

Não tenho partido

nem ando perdido

não rastejo, caminho de pé

verdade, liberdade e poesia

são a minha ideologia

tenho a minha própria Fé

o bem estar a todos desejo

 

Sou um só Ser

um coração a pulsar

um todo a viver

a gozar

a sentir

a sofrer

e a

amar

 

Vale de Salgueiro, 1 de Março de 2021

Henrique António Pedro



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Descolonização

 


O sangue da criminosa

insidiosa

descolonização

ensopou o chão

e maculou a História gloriosa

 

E o verde-esmeralda do mar interior

mar mediterrânico de amor

debruado de lampejos doirados

pintalgou-se de botões de rosa pálidos

tantas foram as desilusões

e os enganos

 

De pronto, porém, um arco-íris de paixão

qual grinalda florida

armou ponte sobre os oceanos

 e à paz deu guarida

no mais nobre coração

 

Já a larva voraz da saudade

se transmuta em borboleta colorida

em versos de rima redimida

estrelas e cometas a alumiar 

poetas poemas a declamar

almas a bater palmas

 

A História não é a má memória

e só o  amor com seu querer

pode bem descolonizar

 

A mim ninguém me vai ver a acenar

a dizer adeus

 

Sempre nos poderemos voltar a abraçar

nem que seja no meio do mar

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 4 de Março de 2010

Henrique António Pedro

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O amor não tem asas mas voa

 


Um par de pombas enamoradas

pôs-se a dançar danças de amor

despudoradas

de fronte da minha janela

por certo para me provocar

 

Fascinado

deixei-me ficar com cautela

qual aprendiz enlevado

calado

a vê-las dançar

entrelaçadas

em feliz liberdade

 

A pousar e a levantar

a voar

adejando com graciosidade

a vencer a gravidade

 

De pronto me imaginei a dançar com elas

e me pus a pensar:

Porque não nos deu asas

o Criador?

 

E fez também do homem um ser voador

para assim poder melhor amar a mulher amada

também ela alada

e ambos a voar se poderem amar?

 

Porque não são precisas asas

para amar

assim à toa

 

Porque o amor não tem asas

mas voa

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 1 de Maio de 2009

Henrique António Pedro