Se
eu fosse árvore, amor
Se eu fosse árvore, amor
e tu me abraçasses com fervor
os meus poemas seriam flores
as folhas louvores
e os frutos
filhos
Floriria na Primavera e daria guarida a todas as
aves que tu mimasses
e nos meus ramos quisessem nidificar
Deixaria que a aragem agitasse a folhagem
e convidaria os passantes de terras distantes
perdidos na paisagem inclemente
a que sob mim se abrigassem do calor do Sol ardente
e testemunhassem o nosso amor
Ah! Mas se eu fosse árvore, amor, e não merecesse
o teu cuidado
murcharia, por certo, desolado
pelo Inverno
Deixaria que o machado do lenhador
despedaçasse o meu tronco terno
e apartasse os ramos em molhos
para alimentar outros fogos de paixão
que não este que tu ateias em meu coração
com o carvão aceso dos teus olhos
Se eu fosse árvore, amor
tu serias a Primavera
Vale de Salgueiro, sábado, 17 de Outubro de 2009
Henrique António Pedro