Rosas remanescentes
A quinze de Outubro
dia do teu aniversário
caminharemos mais uma vez de mãos dadas
gozando os derradeiros raios de sol do dia
que inunda todo o espaço com poesia
neste mês de Brumário
Rosas remanescente das roseiras raras
que trataste com enlevo na Primavera
continuam a “rosir” iluminando de cor os canteiros
como se fossem sorrisos permanentes
A lembrar-nos que a vida será um amor eterno
se assim quisermos
mesmo que saibamos que já não somos adolescentes
e que caminhamos para o Inverno
Quando já as romãs sorriem de contentamento
desafiando os ouriços nos castanheiros
e só os pinheiros e as oliveiras continuam folheadas
porque o seu verde é perene
Todas as demais árvores
já se despedem das folhas amarelecidas
sem lamento
entristecidas de tristeza estreme
porque em breve serão despidas pelo vento
Como os diospireiros surreais já completamente desnudados
feericamente emoldurados de vistosos dióspiros
encarnados
carnais
condenados a apodrecer dilacerados pelos pardais
como se fossem inconsequentes suspiros
dependurados ao tempo
teimando em não morrer
Eu quero que estes efémeros momentos
de amor aberto e suave alegria
fique melhor registado que numa máquina fotográfica
ou numa câmara de cinema
Prefiro usar o dom da poesia e gravá-lo em poema
que para lá da imagem e do som
melhor regista afectos e sentimento
Vale de Salgueiro, segunda-feira, 6 de Outubro de 2008
Henrique António Pedro