Agora que partiu
e me deixou afogado em saudade
Agora que não a tenho ao pé de mim
de verdade
tudo me fala dela
e não deixa que eu a esqueça
Cada flor que sorri
cada ave que chilreia
cada criança que ri
as águas do rio que se precipitam fragorosas
no açude
o sol que incendeia
a lua que se desnuda
e julga que com o luar me ilude
Tudo martela o nome dela nos meus
ouvidos
aviva a sua lembrança na minha mente
e rasga o seu afecto no meu
coração demente
repartido por todos os sentidos
Se a fome me desperta
se o cansaço me toma
se me assalta o desejo
é nela que penso
Como poderei esquecê-la se tudo em meu
redor
dentro de mim grita por ela?
Acaso posso abafar o vento
silenciar as aves
calar as crianças
apagar as estrelas
secar as flores
matar a saudade que me consome por
dentro?
Só a sua presença me fará esquecê-la
Que venha!
Que regresse
se pretende que eu a esqueça.
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 3
de Abril de 2009
Henrique Pedro