domingo, 10 de março de 2013
Sou poeta porque sou um homem só
sexta-feira, 8 de março de 2013
Eunice (A paixão segundo Platão)
Sentei-me de costas para o
Sol
sob o caramanchão de
buganvílias perfumadas
com ideias estudadas
projectando em Eunice
que me olhava de frente
a sombra da minha paixão
Assim seus lábios carmim
melhor se abriam para mim
acesos em desejos de beijos
embora o seu olhar de deusa
a sua voz maviosa
o seu rosto cor-de-rosa
irradiassem apenas pureza
Líamos o Livro VII da
República
retendo-nos no Mito da
Caverna
em procura de uma
interpretação moderna
original e amorosa
Foi assim que encontrei uma
leitura diferente
vendo Eunice reclinada
bela
sentada à minha frente
Inspirado pela luz da sua
formosura
certamente
que nenhum prisma passional
refractava
e que me iluminava
com ternura
enquanto que a sombra
que eu sobre ela projectava
não vinha directa do Sol
tinha origem em mim
Era o reflexo da minha
paixão
o revérbero do meu
amor-próprio
refractado em todas as cores
do espectro do egoísmo
e que se irisava de desejo
ciúme
vaidade
posse e domínio
Mas de Eunice eu recebia
a luz pura do Amor
e da Verdade
que trespassava a limpidez do
seu coração
por isso Eunice
não entendia bem
Platão
Não lhe revelei os meus
pensamentos
na altura
para não ter de a fazer
corar
e para eu não me envergonhar
de tão ousada inventiva
Por isso só agora
que já me não liga a Eunice
o desejo
que só raramente a vejo
e já não projecto nela a minha sombra lasciva
mas a amo de verdade
lhe remeto esta poesia
Certo de que a receberá
ainda a tempo
de ensinar aos seus alunos
de filosofia
que a luz de que Platão
falava
na sua genial alegoria
era a luz do Amor
Enquanto que a paixão
é a sombra do amor-próprio
a ilusão
irisada
refractada
nos prismas do coração
in
Mulheres de Amor Inventadas (1.ª edição Nov2013)
quarta-feira, 6 de março de 2013
Uma paixão virtual
segunda-feira, 4 de março de 2013
Sou o coração com que amo
domingo, 3 de março de 2013
O que mais me agrada olhar
sexta-feira, 1 de março de 2013
Porque renunciou, o Papa?!
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Um pingo de água
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Tic-tac-tic-tac
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Ora aqui, ora além, a orar
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Introdução à Eternidade
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Se te perguntassem se gostarias de não ter nascido, que dirias?
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Usemos palavras como usamos pedras
Usemos palavras como usamos pedras
Usemos
palavras como usamos pedras
para construir casas e castelos
templos
poemas e pontes
Pedras
de xisto
de granito
de mármore
ouro ou diamante
Palavras
de paz e de amor
Usemos palavras como usamos pedras de embaraço
ou demência
que se lançam fora ou se calam
para aliviar o coração
ou
estender a mão a um abraço
Usemos
palavras como usamos pedras
bem
pesadas
bem
medidas
bem
sentidas
de
amor e compaixão
Usemos
palavras como usamos pedras
contas
de um rosário
de
penitência
e contrição
Vale de Salgueiro, terça-feira, 17 de Agosto de
2010
Henrique António Pedro
domingo, 17 de fevereiro de 2013
A vida é uma batalha perdida
Apraz-me caminhar sem destino
em espaço aberto
sem saber ao certo
aonde me leva o caminho
nem mesmo se regresso
Andar a esmo
à sorte
às voltas a mim mesmo
pelo verso
pelo anverso
e de reverso
sem tempo
sem norte
nem tino
Indiferente ao sol
à chuva e ao vento
com o pensamento disperso
no mundo da poesia meu modo de viver
crisol do meu entendimento
farol do meu acreditar
A vida é uma batalha perdida
que é forçoso travar
ainda que saibamos
que acabamos por morrer
Só com amor a podemos ganhar
forçoso é viver
Vale de Salgueiro, domingo, 13 de Setembro de 2009
Henrique António Pedro