No
exacto instante em que pousas a vista
neste
primeiro verso
Anota
o tempo
e
regista o local preciso
do
Universo
em que
te encontras
Se
possível coloca um cronómetro a contar
Lê bem
alto
em
silêncio
para ti
este
poema
por
forma a ser ouvido
por
todas as partes do teu ser
Não sou
eu que falo contigo
e a
mim
tão
pouco
sequer
me
podes imaginar
És tu
que fantasias
e vives
poesia
em
tempo real
Quem
escreve apenas exterioriza
a menos
que se coloque no teu lugar
Todo o
processo criativo é angustiante
para
quem cria
O
poeta real é aquele que lê
sente
interioriza
e se
põe a divagar
Se
liberta de si
do
mundo
e
cavalga o vento
Que se
ergue por dentro
a viver
aventuras
impossíveis
de contar
Alguém
que a si muito se estima
que
não se atém a uma palavra
a um
som
a uma
rima
e tudo
lhe serve para poetar
Que
reduz o espaço
a um
abraço
o
tempo a uma eternidade
Para o
cronómetro
agora
Nem
deste pelo tempo passar
Terão
sido segundos
ou uma
eternidade?
Esteves-te
aí
ou noutro
lugar?
Eu não
sei
Apenas
sei que acabei
por te
abraçar