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segunda-feira, 13 de março de 2023

Poema de bem barbear toda a face

 



POEMA DE BEM BARBEAR TODA A FACE

 

Muitos dos meus poemas

afloram frente ao espelho

quando me barbeio

 

Enquanto a vista se fixa em cada pêlo

que a lâmina vai cortar

eu no meu eu me enleio

em pensamento

nos morfemas e lexemas

em poético devaneio

 

E lamento todo aquele que se pela e depila

sem apelo nem agravo

capaz de matar e morrer

sem de poesia nada querer saber

mesmo que perca a face

por mais que disfarce

 

Há na vida milhares de poemas

e dilemas

para cortar

e recortar

ou simplesmente deixar crescer

mesmo no acto de barbear

 

Vale de Salgueiro, domingo, 30 de Outubro de 2011

Henrique António Pedro


terça-feira, 7 de março de 2023

Mulher é poema feminino

 


Mulher é poema feminino

 

Mulher é poema

feminino

 

Que só a mulher escreve

descreve

anima

declama

por palavras escritas

e faladas

 

Palavras que são verbos:

amar

beijar

sorrir

sonhar

 

E adjectivos:

linda

encantadora

sedutora

sensual

monumental

 

E substantivos:

amor

anjo

flor

alegria

sonho

fantasia

poesia

 

E orações quais:

as curvas do seu corpo

as circunvoluções do seu andar

as harmonias do seu falar

as ondulações dos seus cabelos

o brilho do seu sorriso

os apelos do seu olhar

 

Palavras que se concertam em versos

e rimam perfumados de poesia

e convidam a ler

mesmo sem nada se entender

e fazerem perder o tino

 

Mulher é poema

divino

 

Vale de Salgueiro, sábado, sexta-feira, 20 de Novembro de 2009

Henrique António Pedro

 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

À luz da minha cosmologia que é a poesia

 


À luz da minha cosmologia que é a poesia


Como a ciência moderna induz

O universo começou

Com uma explosão de luz

Que gerou as forças centrífugas

Que em cósmica vertigem

Se expandem e nos afastam da Origem

Em sofrimento e dor

 

Foi o primeiro verso

Do poema inacabado da Criação

Que se consumará na Redenção

 

Então

Também o pecado se mede em anos-luz

Tal a distância que nos separa de Deus

 

E o Amor

À luz da minha cosmologia que é a poesia

É a força centripta de retorno a Deus

Que na Verdade de Cristo Jesus

Tem a dimensão da Eternidade

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 4 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Ego sum qui sum!

 


Ego sum qui sum!

 

São os meus pensamentos

afectos e sentimentos

minha força de amar

que põem o Universo a pulsar!

 

Ser ou não ser

não é a questão

mas antes saber

se sou ou não ilusão

 

in Minha Pátria Montanha

(Editora Ver o Verso-2005)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

O AMOR EM TODOS OS SENTIDOS

 


O AMOR EM TODOS OS SENTIDOS

 

O Amor…

 

não tem olhos, mas vê

e dá novo brilho ao olhar

 

não tem ouvidos, mas ouve

a harmonia da sinfonia do viver

 

não tem boca, mas canta e encanta

e à vida dá prazer

 

não tem olfacto, é inodoro de facto

mas a tudo dá perfume

 

não queima como o lume

mas aquece e enternece

 

não tem tacto, mas tacteia

e delicia com carícia

 

é insípido, não tem sabor

mas dá gosto ao paladar

 

não tem sexo, mas sublima a sensualidade

 

não tem coração, mas palpita

e dá verdade à paixão

 

não tem cérebro, mas pensa

e aviva a criatividade

 

O Amor…

não tem sentidos, mas sente

e seja em que sentido for

só o Amor dá sentido aos sentidos

e ao viver razão de ser

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009

Henrique António Pedro


sábado, 18 de fevereiro de 2023

O mais glorioso acontecimento da minha vida

 



                            O mais glorioso acontecimento da minha vida


Sem merecimento é, de facto

o acto do meu nascimento

embora seja da minha vida

o mais glorioso acontecimento

ainda que não saiba bem

donde vim

 

Vim algures dalgum além

vogando no ventre de minha mãe

 

Tão pouco sei o que vim aqui fazer

e apesar de não me lembrar

muitos se alegraram com tal acto

sobretudo minha mãe,

apesar de ser ela a sofrer

as dolorosas dores de parto

 

Apenas eu chorei quando nasci

inquieto

porque a vida já me doía

por não perceber por certo

o que estava a acontecer

 

De mim nunca me aparto, ainda assim

toda a minha vida morei comigo

hora a hora

na mesma rua

no mesmo lugar

sob o Sol e sob a Lua

a saltar de terra em terra

em tempos de paz ou de guerra

 

Continuo a não me conhecer

a não saber quem sou

quem é o eu que dentro de mim mora

 

Sinto-me um ser mutante

um cavaleiro andante

o filho de minha mãe e de meu pai

que não sabe para onde vai

por não saber donde vem

 

Vale de Salgueiro, 29 de Dezembro de 2016

Henrique António Pedro