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terça-feira, 5 de setembro de 2023

Douro e de Xisto




Douro e de Xisto

 

Humilde poeta sempre assisto

A este concerto maravilhado

De pedras em socalcos concertado

Onde Deus o não havia previsto

 

É suor e sangue de muito cristo

Em terras do Douro crucificado

São ecos de amor com dor rimado

Em versos de muros de tosco xisto

 

São poemas de mil vinhas em rimas

Quais rosários abençoados

Desfiados com fé pelas colinas

 

São cânticos da safra das vindimas

Pela voz dos obreiros declamados

Ao som de pandeiros e concertinas

 

Vale de Salgueiro, 7 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 


sábado, 2 de setembro de 2023

Abençoada chuva


Abençoada chuva


 Chove. Copiosamente. Sem tino!

A terra, árida, sofrida, fulva,

Vira húmus fértil, úbere vulva.

O céu asperge azeite e vinho.

                                                                                                   

O sempre verde, altaneiro, pinho,

Abre os seus rijos ramos à chuva                                                  

Que lava o ar da atmosfera turva

E ao lixo do solo dá destino.


 

Quando o Sol de novo raiar

Novo milagre vai acontecer:

O solo sáfaro vai verdejar.

 

E a Terra Quente vai exultar

E com o cântico do seu viver

A chuva abençoada louvar!

 

Vale de Salgueiro, 19 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

                                                                    


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Insana Paixão Transmontana

 


Insana Paixão Transmontana

 

Na mais alta e fria serrania transmontana                                    

Apascenta, indefesa, o seu dócil rebanho

Uma linda e sedutora pastora serrana

Cuja pureza, porém, é puro, doce, engano

 

Será santa, sim, para o bom povo, puritano!

Para mim, é pura pecadora, não me engana

Não tivesse ela um secreto amor insano

Que por pura paixão recebe na sua cabana.

 

Que calcorreia toda a montanha atrás dela

De língua de fora como o mais fero lobo

Que não quer o rebanho porque só a quer a ela

 

É só pelos seus beijos doces que eu me afobo

E a ela, com os meus, açobo qual cadela       

Tanto que tal paixão às nossas almas pega fogo

 

Vale de Salgueiro, domingo, 12 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

O vinho de maçã do Paraíso

 


O vinho de maçã do Paraíso

 

Deu Deus, ao bom Adão, para o alegrar

Eva, por companheira, mulher fascinante

Esta fez vinho de maçã, inebriante

Receita da serpente de embebedar

 

Adão por Eva se deixou fascinar

Caindo na malsã condição de amante

E angustiado por sentir Deus distante

Bebeu do vinho até se alucinar

 

Por isso vida de homem é provação

Mas o vinho e a mulher doce agasalho

Bem bebidos e amados são salvação

 

Vinho com moderação, fora do trabalho

A mulher se complacente ou com paixão

Seja o homem criança ou já grisalho

 

Vale de Salgueiro, 18 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A dor de amar demais

 


A dor de amar demais


Fenece, só e triste, como o ledo lírio

Aquele que ama, com paixão, uma mulher

Se mesmo não a podendo ter como bem quer

Continua a amá-la, feito louco, em delírio

 

E sofre demais o emigrante seu martírio

De sentir-se longe do lar, sem o querer

A mais cruel saudade é o seu sofrer

O desejo do regresso é aceso sírio

 

Também o santo místico que vive na fé

É torturado pelo silêncio divino

Só essa mística paixão o mantém de pé

 

Aquele que mais ama mais sofre, já se vê

Apenas alma grande não força seu destino

E aceita a vida tal como ela é

 

Vale de Salgueiro, 13 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 27 de agosto de 2023

A Poética Criação da Humanidade

 


A Poética Criação da Humanidade


Do barro bruto o Criador criou o homem

Só para Sua recreação e alegria

Bafejando amor divino e poesia

Olvidando as dores que os mortais consomem

 

Porém, tais graças com a poesia eclodem

Que o barro tosco que Deus soprou, ganhou vida

Avivou Adão, tornou Eva apetecida

Dos mil mortais deleites que na Terra ocorrem

 

Ao barro, porém, nosso corpo retornará

Finando-se prazeres e dores com a morte

Só a divina poesia nos salvará

 

Para se livrar da matéria e má sorte

O homem, com poesia, a Deus louvará

Amando como Ele manda sua consorte

 

Vale de Salgueiro, 17 de Abril de 2008

Henrique António Pedro