terça-feira, 20 de agosto de 2019
E a si, que lhe diz este poema?
quarta-feira, 24 de julho de 2019
WC
Muitas
ideias deslavadas
surgem-me
na casa de banho
no vulgo
wc
enquanto
me lavo, afeito, barbeio e amanho
ou
faço coisas menos perfumadas
já
se vê
Quando
me vejo ao espelho
e reparo
que um certo “eu” me olha olhos nos olhos
poético
patético
calado
ensaboado
ou quando
me dou conta que mais um cabelo caiu
ou que
uma nova flor de ruga floriu
Há
pensamentos que batem no vidro
e
se reflectem em retorno
como
se de meras imagens se tratasse
e
vêm refractar-se em mil cambiantes de angústia
no
espelho embaciado da minha alma
Mas
quando alguma ideia mais angustiada
cheira
mal que tresanda
ou
me causa dor
lanço
mão do vaporizador
e
purifico o espírito e o ar
com
borrifos de lavanda
Como
se vê
até
no wc há lugar para a fantasia
quando
se tem a alma inundada de poesia
Vale
de Salgueiro, quinta-feira, 13 de Novembro de 2008
Henrique
António Pedro
sábado, 20 de julho de 2019
Ora abóboras…
Este poema sensaborão
é a primeira abóbora que
despontou na minha horta
neste Verão
Que eu ofereço com alegria aos
deuses da poesia
para que jamais me falte a
inspiração
para cozinhar
saborosas sopas de versos
É uma abóbora amarelada
rechonchuda
com um pequeno pedúnculo que o
ligou à erva mãe
para se alimentar
e que agora apenas serve para se
lhe pegar
Assim sendo nem os mais
perversos se atreverão a dizer
que este poema
não tem ponta por onde se lhe
pegue
Até porque também tem o coração
repleto de sementes
as pevides
que depois de secas e de novo lançadas
à Terra
irão reproduzir novos poemas
com que se poderão cozinhar
novas saborosas sopas de poesia
A primeira abóbora que
despontou na minha horta
neste Verão
é este poema sensaborão que só
não aplaudirá
quem não gostar de sopa de
abóbora
ou não perceber pevide
de poesia
Ora…
abóboras
Vale de Salgueiro, terça-feira,
16 de Junho de 2009
Henrique António Pedro
sábado, 29 de junho de 2019
Cantar de encantar a pedra
A mulher é mais mulher…
quarta-feira, 26 de junho de 2019
AQUI…
domingo, 16 de junho de 2019
Nasci nu
quarta-feira, 12 de junho de 2019
Desde que passei a usar chapéu
sexta-feira, 24 de maio de 2019
À janela do avião
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Pára-brisas partido
quarta-feira, 17 de abril de 2019
Morrer? Qual o problema?
sábado, 13 de abril de 2019
Para ler de olhos fechados
Apoio os cotovelos na mesa e afago o crânio
Olho o mundo
profundo de olhos fechados
banhados de lágrimas
para melhor o ver
Cerro a porta do
palácio da ilusão
abro a janela da
alma
por onde flui a
calma brisa da solidão
Apago a luz
fecho os olhos
tapo os ouvidos
nenhum oiro agora
reluz
só o meu espírito
brilha
fosforescente
em minha mente
Lanço desejos e
ambições ao fundo do mar
paro de me pasmar
Solto a imaginação
Aponto os olhos do
espírito além do horizonte
escuto os sons que me
chegam do fundo do Cosmos
Fixo-me no sonho
a realidade é agora
mera ideia
Escrevo uma oração
em minha mente
súplica ou devaneio
declamo-a na razão
e no coração de permeio
Se quero transformar
o mundo
devo começar por mim
primeiro
Rezo
Falo com Deus
tanto eu tenho para
Lhe dizer
Até que acordo sem que
haja adormecido
é o meu espírito que
viaja
por nada ter que
fazer
Vale de Salgueiro, quinta-feira,
11 de abril de 2019
Henrique António Pedro