Até a mais rubra rosa tem espinhos
e no espírito de uma mulher virtuosa
sempre existe o espinho da vaidade
e mais espinhosos são os caminhos
se a rosa é vaidosa
Tomei alfinetes de prata e de marfim
para dissecar a alma de uma mulher vaidosa
que aparentava ser santa
acabei por me retalhar a mim
Dei-lhe a beber o veneno da fantasia
que não mata
mas encanta
se diluído em poesia
Provoquei-lhe mil desejos
e perdi-me em seus cabelos
olhos
seios
coxas
e humores
Povoei o meu ser de flores roxas
e dos ensinamentos sábios
que bebi em seus lábios
Apenas quando
por fim
o sopro da verdade me percorreu o corpo
e a punção da sexualidade
me alterou o coração
se libertou em mim o escopro da espiritualidade
De mil formas são as formas da vaidade
uma só a forma da verdade
Vale de Salgueiro, segunda-feira, 26 de Julho de 2010
Henrique António Pedro