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domingo, 20 de agosto de 2023

Só bem entende quem bem sabe amar

 


Só bem entende quem bem sabe amar


Anda ele a sonhar, sem acordar

São mil e um sonhos o seu sustento

Com a voz do vento, todo o tempo

Nunca pára de por ela chamar

 

Assim levado nas asas do vento

Esse amor é um triste lamento

Perde-se nas ondas do alto mar

Só entende quem bem sabe amar

 

Mas ela porfia dele fugir

Apenas porque não lhe tem amor

Por isso nem sequer o quer ouvir

 

Ele, porém, canta a sua dor

Para a si mesmo se iludir

São poemas tristes, triste louvor     

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 13 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A mulher: sempre!

 


A mulher: sempre!

 

Não é só no parto, esse acto sublime

Que exalta a vida, a mulher, a mãe

Ela estará sempre presente, também                

Se preciso for que alguém o homem anime

 

É a mulher quem a vida melhor exprime

Para mal do homem ou para o seu bem

Sempre alguma mulher melhor lhe convém:

Por amor ou rancor o perde ou redime!

 

Simplesmente amiga ou mera amante

Esposa que seja ou simples companheira

Sempre a mulher tem papel preponderante

 

Para dar melhor vida à vida inteira

Embora estando próxima ou distante                          

É sempre a mulher que vai na dianteira

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Bem me quer, mal me quer

 


Bem me quer, mal me quer

 

Tenta-me. Finge-se adormecida

Em leito florido de malmequer

Bela, desnuda e oferecida

Tal é a loucura com que me quer

                                                                                       

Deixa a minha alma entontecida

Essa arte das sensuais mulheres

Que amansa a fera mais temida

E faz dos homens santos, vis berberes              

 

Mas por tanto também eu lhe querer

Decido, porém, não a acordar

Não vá, com o espanto, a perder

 

De pronto me diz sem pestanejar:

«Bem me quer quem assim só me não quer!

Toda a ti, amor, me quero dar!»

 

Vale de Salgueiro, 4 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 


terça-feira, 15 de agosto de 2023

O divino fulgor de Deus

 


Divino fulgor

 

Quando, num só tempo, sofremos e amamos

E o coração nos dói do mais puro amor

Ou ainda mais amamos quem está com dor

E a essa mesma dor também nos entregamos

 

Ou quando de quem amamos nos separamos

E mergulhamos na tristeza e no torpor

Ou quem bem nos ama nos recebe com calor

Se nós de um longo afastamento regressamos

 

Ou se a morte, a mais cruel realidade

Nos obriga a um definitivo adeus

A quem também nós muito queremos de verdade

 

Se ainda assim damos louvores aos céus

Será quando com a maior claridade

Em nós sentimos o divino fulgor de Deus

 

Vale de Salgueiro, sábado, 13 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Fado do mal-amado

 


Fado do mal-amado

Nunca houve outro amor assim

Uma tão cruel paixão entontece

Entrega tão pura ninguém merece

Nem sendo a mulher um querubim

 

Agora choro lágrimas sem fim

Meu pranto ao longe se esmorece

Como uma mal sucedida prece

Que amargamente se vai de mim

 

A fada cruel quebrou o encanto

Para sempre seu coração calou

Esta é a razão deste meu pranto

 

Mas a vil paixão de mim não voou

Por isso cantar este triste canto

É fado amargo que me tocou

 

 

Chaves, 8 de Março de 1966

Henrique António Pedro