no WC
Muitas deslavadas
ideias
de poemas
surgem-me
na casa de banho
vulgo wc
enquanto
me lavo, afeito, barbeio
e amanho
ou faço
coisas menos perfumadas
já se vê
Quando
me vejo ao espelho
e reparo
que um certo “eu” me olha
poético
patético
olhos
nos olhos
em
silêncio
ou me
dou conta que mais um cabelo caiu
que uma nova
flor de ruga floriu
Há
pensamentos que batem no vidro
e se reflectem
em retorno
como se
de meras imagens se tratasse
e vêm
refractar-se
em mil
cambiantes de angústia
no
espelho embaciado da alma
Mas
quando alguma ideia mais angustiada
cheira mal
que tresanda
ou me
causa dor
lanço
mão do vaporizador
e
purifico o espírito e o ar
com
borrifos de lavanda
Como se
vê
até no
wc há lugar para a fantasia
quando
se tem a alma inundada de poesia