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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Abraço ao vivo e em tempo real


No exacto instante em que pousas a vista neste primeiro verso

anota o tempo

e regista o local preciso do Universo

em que te encontras

 

Coloca um cronómetro a contar

 

Lê bem alto

em silêncio

para ti

este poema

por forma a ser ouvido por todas as partes do teu ser

 

Nota que não sou eu que falo contigo

e que a mim

tão pouco

sequer

me podes imaginar

 

És tu que fantasias

e vives poesia ao vivo e em tempo real

 

Quem escreve apenas exterioriza o que o próprio sente

a menos que se coloque no teu lugar

 

O poeta real és tu que lês

sentes

interiorizas

e te pões a divagar

 

Tu que te libertas de ti

do mundo

e cavalgas no vento

 

Tu que te ergues por dentro

para viver aventuras impossíveis de contar

 

Tu que a ti muito te estimas

que não se atém a uma palavra

a um som

a uma rima

e tudo te serve para poetar

 

Tu que reduzes o espaço a um abraço

e o tempo a uma eternidade

 

Para o cronómetro agora

 

Por certo nem deste pelo tempo passar

 

Terão sido segundos

ou foi uma eternidade?

 

Estives-te aí ou noutro lugar?

 

Eu não sei

 

Apenas sei que acabaste de me abraçar

 

 

Vale de Salgueiro, sábado, 15 de Junho de 2013

Henrique António Pedro

 

 

 


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