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domingo, 21 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXX Terra Mater)





XXX

Terra Mater


Enlevam-se o meu olhar e o meu coração
Perante este mar de oliveiras prateadas
Meu bendito berço de mil colinas encantadas
Toma-se o meu ser da mais sentida comoção.

Bandos de aves livres voam em livre formação
Pela branda brisa do cair da tarde embaladas
São pela santa Mãe Natureza abençoadas
Dão asas e graça à sua natural paixão

Terra sem igual sagrada pela oliveira
É aspergida por espiritual quietude
É ganha-pão de gente simples, pura e ordeira

Que nos úberes vales de rio e de ribeira
Com amor cultiva essa agrária virtude
Queira Deus haja paz igual na Terra inteira

Vale de Salgueiro, 19 de Abril de 2008
Henrique Pedro

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Uma rosa venenosa

 Uma rosa venenosa


A essa rosa ultriz e malvada

Que infeliz agora se finou

Embora fosse flor e perfumada

Foi o seu sorriso que a matou

 

Rosa rara, falsa, aculeada

Que a si própria se enganou

A todos dizia que os amava

Mas nunca a ninguém ela amou


Era ruim, sim, só erva daninha

Que até picos nas pétalas tinha.

Seria bela, mas era má flor!

 

Uma rosa danosa, flor de dor.

Não sabia o que era amor.

Murchou abandonada, sim. Sozinha!

 

Vale de Salgueiro, sábado, 14 de Fevereiro de 2009

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 16 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXIV Mulheres)


Mulheres

Muito mais desiguais entre elas

Que os próprios homens entre si

São as mulheres com quem convivi

Para lá de sensuais ou de belas

 

Mas reconheço que qualquer delas

Quando canta, chora ou sorri

E tantas mulheres eu conheci

Irradia mais luz que as estrelas

 

Umas fazem-me boa companhia

Outras apenas me divertem, sim

A todas quero bem, ainda assim

 

Mas a mulher mais mulher para mim

É a mãe que sofre, ama e cria

À imagem da Mãe de Deus, Maria

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 12 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Do Amor-Dor da nossa Mãe



Do Amor-Dor da nossa Mãe


Com o amor de nosso pai e nossa mãe

No útero materno somos nós gerados

Pelo desígnio divino abençoados

Paridos com dor, porém, e amor também

 

Do amor-dor de mãe tudo por bem, advém:

O bom leite com que somos amamentados

As lágrimas dos dias mais angustiados

A esperança dum dia sermos alguém

 

Do paraíso que é o mátrio seio

Jamais dele seríamos nós afastados

Se a Mãe de Deus estivesse de permeio

 

Nem o acto donde toda a dor adveio

O bom Criador o teria consumado

Caso Eva já fosse mãe. Assim eu creio!

 

Vale de Salgueiro, 1 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XIX Sempre noiva, eterna menina)




XIX
Sempre noiva, eterna menina


De tão formosa parece divina
Sempre noiva, radiosa rainha
Tantos são, sim, os seus apaixonados
Tão belos os príncipes encantados!

Não saber quem amar é sua sina
Que dela faz a eterna menina
Actriz de mil noivados adiados
Fautriz de muitos mais sonhos frustrados.

Seus amores são pungentes poemas
Ardentes diademas de dilemas:
Optar por um deita mil a perder!

Lindo sonho de amar e sofrer
É, assim, seu viver até morrer
Vida de mil amores e mil penas

Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Outubro de 2010
Henrique Pedro


terça-feira, 9 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XVIII Loucuras de amar que não versejo)




XVIII

Loucuras de amor que não versejo


Desnuda-se, serena e silenciosa
Recobrindo-se de diáfano fascínio
Contemplo-a, impaciente, por desígnio
Certo de que se entregará, pressurosa

Depois, é deliciada e deliciosa
Sorrindo, cúmplice do meu raciocínio
Que me leva a perder o autodomínio
Bela, sensual, permissiva, amorosa

Tomo-lhe o corpo, que afago e beijo
Faz-me o mesmo com gritos de alegria
Entrelaçados de prazer e de desejo

Entontecidos pela mesma afrodisia
Caímos em loucuras que eu não versejo.
Descrevê-las, sim, seria pornografia!


Vale de Salgueiro, 14 de Maio de 2008
Henrique Pedro