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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Ei-la! É ela de novo…





Ei-la!
É ela de novo…

Lábios carmim 
seios cheios torneados 
olhos doces amendoados…. 
leveza do caminhar
doçura do falar
irresistível simpatia 
e muita 
tanta 
tanta alegria …

Eu 
ainda assim 

ensimesmado

Refugio-me em mim 
gota de chuva
sopro de vento 
folha de amargura 
pozinho de tormento
raiva larvar 
tristeza de calar 
silêncio de cismar
vontade de voar para outro lugar e fugir do crepúsculo de tanto amar que teima em não chegar ao fim

É ela!
De novo… flor de jardim
tentadora tentação de voltar a amar…

Não 
desta vez não!

Não me vou deixar apaixonar

Vale de Salgueiro, domingo, 6 de Julho de 2008
Henrique Pedro 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Porque têm espinhos, as rosas?



Porque têm espinhos, as rosas
se são flores de tantos amores?

Para se defender, dir-se-á

Não!

Para se agarrar e trepar
para prender quem amam
para arranhar a quem desamam

Não e não!

Porque são malvadas
queimam com o lume do amor 
provocam ciúme
e causam dor

Não e não e não!

Talvez para se enaltecer 
e fazer mais valer o seu perfume
a sua cor
o seu fulgor

Não e não e não e não!

Porque têm espinhos, então
as rosas
se são amorosas, são amadas e têm coração?

Porque carecem de carinhos…
e porque não há rosas…
sem espinhos


Vale de Salgueiro, quarta-feira, 7 de Março de 2012
Henrique Pedro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Toda a gente lê poesia, lá na minha freguesia




Toda a gente me conhece
e me merece
lá na minha aldeia

Tenho até a ideia
de que todos lêem a minha poesia
lá na minha freguesia
que canta o arrebol e o pôr-do-sol
as estrelas e o firmamento
os encantos da Primavera
a chuva, a neve e o vento
quimera da atmosfera

Mesmo antes de eu a escrever
já todos a ousaram ler

Digam lá se não sou um poeta notável!

Pudera!

Quando se mora numa aldeia assim adorável
é poeta qualquer um 
mesmo sem que tenha escrito
poema algum

É por isso que toda a gente me conhece
e me cumprimenta
lá na minha aldeia
e se enternece com a poesia
que é de todos
não é só de mim

Todos somos poetas de verdade
lá na minha aldeia
porque a sua vida é uma epopeia
e sabemos que coisas são saudade
tristeza e alegria

E porque muitos de lá saíram
para o Brasil e outras terras mil
por esse mundo além
levando no coração aldeão
a poesia da nossaTerra Mãe

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2012
Henrique Pedro

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Adeus às armas



Noite tropical igual a tantas noites santas
nada se sente de mal

Há estrelas no céu esmeralda a brilhar
uma brisa perfumada a soprar poesia
nostalgia e desejo
muito muito desejo de muito amar

Eis que de repente
quando nada o fazia esperar
da floresta salta a serpente

Ilumina-se a noite de clarões e explosões
ouve-se o silvo das balas a voar
não tarda gritos e gemidos de homens aflitos
a morrer
ali mesmo a meu lado
sem que ninguém lhes possa valer

Também disparo
calado
revoltado
em lágrimas banhado

Eis que de repente
quando não era de esperar
o silêncio volta a reinar
a poesia à minha mente

Tiro a mão do gatilho
iluminado de um novo brilho
regressam ao mato os miasmas da guerra

Uma explosão maior de alegria em meu coração
me diz que a guerra é fugaz
apenas a eterna espera da paz

Digo adeus às armas


Terras do régulo Capoca (Norte de Moçambique), Setembro de 1973
(Poema reconstituído, de memória, em 21/10/2010)

sábado, 12 de janeiro de 2019

Vá para aonde vá ou for




Vá para aonde vá
ou for
carrego sempre comigo
uma mala de fantasia
cheia de sonhos
e de amor

Sempre foi assim
e sempre assim será

Sonhos
são sementes de poesia
que germinam em poemas
em cânticos de louvor
gritos de alegria
choros de dor
ao sabor da sorte
arpejos de dilemas

Assim será
até na hora da morte
já que estou em crer
e disso tenho fé
que continuarei a sonhar
a amar
e a escrever poesia
mesmo depois de morrer

Vá para aonde vá
ou for
carrego sempre comigo
uma mala de sonhos
e de amor 
preparado para amar

É dentro dessa mala
que me faço transportar


Vale de Salgueiro, quinta-feira, 3 de Junho de 2010
Henrique Pedro

domingo, 30 de dezembro de 2018

Dando tempo ao tempo




Apercebo-me de um mais débil pulsar
de badalas langorosas de cansaço
corro a dar corda aos meus relógios
para assim os espevitar
não vão eles parar
e com eles parar o tempo

Iludo-me…

Pensando que o tempo sou eu que faço
mas o tempo não tem origem em mim
apenas o mais puro sentimento
me vem de dentro

Ainda assim…

Como os maquinismos mecânicos
prolongam as horas e os dias
dos mecanismos do tempo
em badaladas mais sonoras
e prolongadas

Também…

Os beijos e os afagos
animam o bater dos corações
e reanimam
com seu calor
as maquinações da relojoaria do amor
e dão mais tempo
ao tempo

Mas o tempo…

Sempre está a acontecer
esgota-se por si só
com dor e desdém
sem dó nem piedade
e tudo acaba por morrer
de verdade

A menos que a mecânica celeste
com sua engrenagem cor-de-rosa
nos conduza em viagem
mais esperançosa…

… No além

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 22 de Abril de 2009
Henrique Pedro