Melhor seria não ter olhos para
a ver
e me deixar fascinar
pelo seu olhar
Melhor fora ser surdo e mudo
para não poder ouvir o seu
canto de sereia
nem poder responder e me deixar
enredar
nos encantos da sua melopeia
Não ter braços para a abraçar
sem mais a poder largar
Nem ter sexo para a desejar
e ela
por reflexo
me poder a mim me cobiçar
Melhor seria que eu não tivesse
coração
nem Razão
para não cair nesta cruel contradição
Mas a vida é assim
e assim sendo
não me arrependo
Mais vale sentir todos os sentidos
abertos e despertos
e não a poder largar
nem ela
a mim
me poder abandonar
Mais vale sentir-me Jasão aprisionado
a seu lado
e sabê-la
a ela
a sereia Medeia
falaz
a mim acorrentada
sem poder fugir
Ouvir seu pranto de mulher
apaixonada
sem ser capaz de resistir
Sem deixar de acreditar
que o espirito acabará por se
libertar
Vale de Salgueiro, terça-feira,
24 de Agosto de 2010
Henrique António Pedro
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