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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Adeus às armas



Noite tropical igual a tantas noites santas

em que nada se sente de mal

 

Há estrelas no céu esmeralda a brilhar

uma brisa perfumada a soprar poesia

nostalgia e desejo

muito muito desejo de muito amar

 

Eis que de repente

quando nada o fazia esperar

da floresta salta a serpente

 

Ilumina-se a noite de clarões e explosões

ouve-se o silvo das balas a voar

não tarda gritos e gemidos de homens aflitos

a morrer

ali mesmo a meu lado

sem que ninguém lhes possa valer

 

Também disparo

calado

revoltado

em lágrimas banhado

 

Eis que de repente

também quando nada o fazia esperar

volta o silêncio a reinar

e a poesia vaga

de novo

na minha mente

 

Tiro a mão do gatilho

iluminado de um novo brilho

regressam ao mato as miasmas da guerra

o que me deixa um tanto abstracto

 

Uma explosão maior de alegria em meu coração

me diz que a guerra é fugaz

ainda que seja uma eterna espera

de paz

  

Digo adeus às armas

 

Restam lágrimas amargas

 

Terras do régulo Capoca (Norte de Moçambique), Setembro de 1973

Henrique António Pedro

 


 

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