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terça-feira, 31 de março de 2020

Plantemos poemas nos pântanos



Não fiquemos à espera

Nos pântanos
onde vegetam vícios e vírus
por toda parte
onde germina a dor
e a paz
jaz
plantemos poemas de amor

Florirão flores-de-lis 
e de lótus
ao que o coração me diz
já na próxima Primavera

E não haverá mais fome
ou guerra
sobre a Terra

E uma pandemia de alegria
iluminará de felicidade
a Humanidade

Vale de Salgueiro, domingo, 19 de Dezembro de 2010
Henrique Pedro

sábado, 21 de março de 2020

Poeta não é profissão





Poeta não é profissão
Não

É predisposição
Estado de alma
Força da natureza
Forma de beleza

Ser poeta é como ser herói
Santo
Explorador
Aventureiro
Pioneiro da conquista do Everest
Ainda que a sua poesia não preste

Nenhum poeta se alimenta
Do pão amassado com os poemas
Que escreve

O poeta acende o espírito
Com a poesia
De que se veste
Com fantasia

O poeta é um visionário diletante
Porque a vida é um fluxo
E um refluxo
Constante
De poesia
E vento

Poeta não é profissão
E a poesia não é entertenimento
Ou ocupação

O poeta é missionário
Voluntário
E a poesia
Missão


Vale de Salgueiro, quinta-feira, 15 de Abril de 2010
Henrique Pedro

sexta-feira, 13 de março de 2020

Deitei-me nu com a minha amada nua


(Desenho de carvão em papel, intitulado e datado de 1939, Almada Negreiros)


Naquela leda madrugada

deitei-me nu

com a minha amada

nua

despidos de tudo

vestidos de nada

 

O amor nos despiu de nós

a sós

a sonhar

e a Lua nos vestiu

de luar

 

Ela me envolveu e fascinou

com sua pele

de mel

e eu cobri-a com a minha

empoada de pós de brilhantina

fluorescência

da inocência

que toda a noite nos iluminou

em eterna fantasia

 

E o Sol não se pôs

nesse dia

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 24 de Abril de 2009

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 2 de março de 2020

O Deve e o Haver do Amor



O que é a Felicidade
na verdade
não sei

Também o que é a Verdade
não tenho a felicidade
de saber

Da Felicidade conheço, porém
o paladar
e da Verdade
o querer

O sabor da Felicidade é o Amor
e o sentido da Verdade é o dever

A Verdade é o deve
a Felicidade o haver

Verdade e Felicidade
só podemos almejar
por via de amar
sofrer
e bem fazer 


Devemos amar
para havermos amor


sábado, 15 de fevereiro de 2020

Luar de saudade





Vivo voando no tempo
no seio da saudade

Ventos de amor suavizam a dor
e assim o afastamento
não me dói tanto
tão pouco há lugar para pranto
apenas espaço para recordar

Ainda que a verdade
seja nua e crua
como a Lua
que me encanta
só de a ver
mas que de tão distante
me quebranta

Contenta-me contemplar o luar
a sofrer
de saudade

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 20 de Novembro de 2009
Henrique Pedro

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Em decúbito dorsal




Acordo mas deixo-me ficar deitado
absorto
desperto
enlevado

Em posição de decúbito dorsal
de mãos atrás da nuca 
a olhar o tecto
sem nada ver
nem sofrer de qualquer mal
apenas a pensar
porque magia
se dormia 
porque despertei

Apenas à espera
que o despertador toque 
à hora para que o regulei
antes de me deitar

Já a obscuridade do quarto
é rasgada pelos raios da aurora
já lá fora se ouvem chilreios
tomado eu dos anseios
da saudade
não sinto pressa de me levantar

E porque haveria eu
de sentir pressa de me levantar
antes do despertador
tocar?

Só porque acordei antes da hora para que o regulei?

É assim o amor
é assim a saudade
assim é o dom de amar

Um despertador que nos desperta sem hora certa
estejamos ou não acordados
só com pressa de regressar


in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)