sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Amora silvestre
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Uma rosa negra de tristeza
sábado, 22 de outubro de 2016
Sex-appeal
terça-feira, 18 de outubro de 2016
À janela, a ver chover
Postado à janela
cismado
a ver chover
sem ter que fazer
nem para onde ir
entristeço
Nos campos sente-se a erva medrar
com tanto calor
e humidade
Os cães pararam de latir
os pássaros deixaram de voar
esmoreço
desolado
a ver
chover
no molhado
Há dias assim
sem alegria
nem beleza
dias em que a própria poesia
induz tristeza
nostalgia
Amiúde deito a cabeça de fora
para espreitar o céu
com desejo de partir
E assim me vou embora
sem sair
deixando-me ficar onde estou
até mais ver
Sem ter para onde ir
sem nada ter que fazer
fico à janela
cismado
a ver chover
Vale de Salgueiro, domingo,
29 de Maio de 2011
Henrique António Pedro
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Será seu este Citizen Card?
De quem é não tem interesse
já se vê
nem a mim mesmo me interessa saber
sequer
De um simples Cartão de Cidadão se trata
(de um Citizen Card)
que a todos nos maltrata
Um nome e um apelido
uma minúscula fotografia do rosto
sem alegria nem fantasia
(deveria estar, sim, nele retratado o coração dorido, afim ou malsão)
Um número de contribuinte, a tal identificação fiscal
(que por certo não terá quem for pedinte)
uma letrinha pequenina para o sexo
(ao que parece, irão pôr mais letras indicativas do género e da classe social)
A medida da altura
(que omite a nossa postura na vida e na sociedade, se falamos ou não verdade)
mais o número de utente do Serviço Nacional de Saúde
e da Segurança Social
seja são ou doente
e mais números ainda sem significado
trate-se de pessoa de virtude ou de pecado
Ao real humano ser que somos
nem se alude
Resumindo
Não importa o que somos ou o que fomos
Apenas uma dúzia de dados
para alguém dar ou vender
pois então
destinados a serem manipulados
repartidos
e abatidos
se acaso o Orçamento de Estado
(ou a Segurança Nacional)
para nosso mal e a Bem da Nação
assim o entender
Quem é você não tem interesse
já se vê
nem a mim mesmo me interessa saber
sequer
A mim só me importa saber o que sou
isso sim
porque isso eu não sei!
Embora saiba que sou mais que a estúpida amargura de não ser
aquilo que outros gostariam que eu fosse
ou que me impelem a que seja
Herói de banda desenhada
notícia desejada
cidadão eleitor
impostor
pagador de impostos
utente de qualquer coisa
e mais nada
Embora saiba que não sou aquilo que gostaria de ser
que não sei se sou
mas que poderei ser sem saber!
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 28 de Abril de 2010
sábado, 15 de outubro de 2016
Silvas e Roseiras em Flor
Silvas
daninhas
marginais
floridas de florinhas pequeninas
suavemente coloridas
emolduram os muros
que marginam
os caminhos
rurais
Espinhosas
como as rosas
que são mais vistosas
nos canteiros
dos quintais
As silvas dão amoras
saborosas
enquanto as rosas
de pendor mais romântico
se esvanecem em perfume
e cor
enigmático cântico
de dor
amor
e ciúme
Silvas e roseiras
ambas espinhosas
ambas em flor
o mesmo hino
sibilino
de louvor
ao Criador
Vale de Salgueiro, sábado, 12 de Junho de 2010
Henrique António Pedro
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Dando tempo ao tempo
deverdade
no além
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
E se os humanos fossem pássaros?
domingo, 2 de outubro de 2016
Poema erudito
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Se assim bate o seu coração
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Aquela paixão não passou de um poema escrito num pedaço de papel que ardeu
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Quando a poesia acontece mesmo sem inspiração.
Já o Sol se põe
e muda de posição
deixando atrás de si
um resplendor alaranjado
que se desvanece
enquanto o céu escurece
Já a Lua brilha cristalina
já se acende a estrela vespertina
depois outra após outra
marchetando o Firmamento
que por fim se ilumina
de cerúleo polimento
mais abrangente
Nenhuma ideia brilhante
nenhuma palavra redundante
uma rima sequer
indiciam poemas na minha mente
Nem eu tristonho
me predisponho a poetar
assim mergulhado na soledade
do fim do dia
extasiado com a serenidade
da contemplação
Sob o olhar da Lua
que em silêncio percorre o céu
e me olha
como se estivesse ali postada
ela sim
para a mim
me contemplar
e cobrir com o seu véu
Mas eu não tenho dilemas
penas para espiar
ninguém para namorar
nada de poemas
um verso que seja para escrever
Nada à Lua posso dar