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terça-feira, 18 de outubro de 2016

À janela, a ver chover



Postado à janela

cismado

a ver chover

sem ter que fazer

nem para onde ir

entristeço

 

Nos campos sente-se a erva medrar

com tanto calor

e humidade

 

Os cães pararam de latir

os pássaros deixaram de voar

esmoreço

desolado

a ver

chover

no molhado

 

Há dias assim

sem alegria

nem beleza

dias em que a própria poesia

induz tristeza

nostalgia

 

Amiúde deito a cabeça de fora

para espreitar o céu

com desejo de partir

 

E assim me vou embora

sem sair

deixando-me ficar onde estou

até mais ver

 

Sem ter para onde ir

sem nada ter que fazer

fico à janela

cismado

a ver chover

 

Vale de Salgueiro, domingo, 29 de Maio de 2011

Henrique António Pedro

 

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