domingo, 3 de junho de 2018
Agora outros galos cantam pela madrugada
sábado, 26 de maio de 2018
Afinal as fadas existem
Afinal as fadas existem
Esta
estória sucedeu já no Inverno passado
mas só agora achei o momento asado
para a contar
Vestia a minha soberana samarra transmontana
e o boné
que uso quando o mau tempo acomete
assim como apareço em fotos difundidas pela net
pelo
que não seria difícil alguém me referenciar
Sentado à mesa de um café
a tomar o pequeno-almoço
embora só estando presente até ao pescoço
a minha cabeça não estava ali
tanto
que de nada nem me apercebi
De olhar fixo num ponto dentro de mim
embora sem nada ver
dentro e fora
o
meu espírito vogava
e pensava
que a vida é um desencanto
Tanta coisa linda
em que acreditamos quando criança
e nos inunda de esperança
que até nos causa espanto
mas que depois concluímos não existirem
e
que nos são contadas só para nos iludirem
É o
Pai Natal
o Menino Jesus
as fadas
as
musas
a democracia
o mítico Portugal
as moiras encantadas
as bruxas
e mesmo as palavras esdrúxulas.
Tudo
fantasia!
Quanto a bruxas,
Ah!
Sei que continua a haver quem diga
que não acredita
mas que as há,
Há!
Mas isso é outra cantiga
Estava eu nestas tergiversações supra reais
quando
senti algo
ou
alguém
tocar-me
ao de leve
muito suavemente
no
ombro
para
meu assombro
já que não esperava ninguém
Seria gente?
Uma
fada?
Uma bruxa?
Uma
musa?
Um pingo de chuva?
Talvez
fosse alguma palavra esdrúxula
que
com o Acordo Ortográfico andam disparatadas
já
que são agora acentuadas
ora
de grave ora de circunflexo.
Pensei.
Não
liguei de imediato
mas
ao segundo toque despertei,
perplexo
Não
era a chuva
uma
bruxa
nem
uma palavra esdrúxula
que
essas não tocam assim
Era
uma fada verdadeira
de
carne osso
perfumada
de cara
iluminada
pelo
olhar
e
que usou o sorriso sedutor
como
varinha de condão
para
me tocar o coração
E me
falou
para
me dizer
que
me adorava ler
mas
que achava os poetas pouco fiáveis
porque
não sabem guardar segredos
Todos
os amores e medos
grandezas
e fraquezas
que
alguém cai na asneira
mesmo
se por brincadeira
de
com um poeta partilhar
é
sabido que vão parar à net
e a
todo o Universo
ir-se-ão
espalhar
em
verso
embora
nem sempre se saiba
a
quem o poema remete
Por
isso ela ali me aparecia
para
com a sua fantasia
tornar
credível
a
minha poesia
Mas
que tinha a certeza
que
eu lhe iria dar razão
já
no próximo poema
versando
este tema
Tocou-me
o coração
respondeu
afirmativamente ao meu convite
de “aparece
quando quiseres”
e
desapareceu
deixando-me
no limite
em
alvoroço
Afinal
as fadas existem
e são
de carne e osso
Perfumadas
radiosas
amorosas
Assim
como mulheres!
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 10 de Setembro de 2010
Henrique
António Pedro
quinta-feira, 24 de maio de 2018
A poesia de amor nasceu nos olhos de uma mulher apaixonada
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Espaço-Tempo-Amor-Além
compreendo também
«A Salvação
uma libra gasta
outra na mão»
domingo, 20 de maio de 2018
Encantamento d’alma
segunda-feira, 14 de maio de 2018
Urinando em formigueiros e tocas de grilos nos lameiros
É uma minha boa lembrança
de criança malvada
mijar em formigueiros
e tocas de grilos
nos lameiros
Não terei sido eu
o primeiro
a inventar tamanha
maldade
Fazia até uma
tremenda ginástica
para acertar, de pé, nas tocas dos grilos
e nos carreiros dos formigueiros
por falta de
prática
Ainda era menino
de calção
mas só desistia quando
sentia
que uma formiga me
picava os testículos
e uma multidão de
insectos desafectos
me perseguia no
carreiro
Então
qual poeta
proscrito
aflito
proferia a
palavra mais obscena do presente poema:
- Foda-se!
e fugia
Foi assim que aprendi
que há uma
infinidade de espaço no Universo
onde poderei
urinar à vontade
um simples verso
que seja
sem importunar
uma formiga por
demais pequenina
que mal se veja
Vale de
Salgueiro, domingo, 5 de Abril de 2009
Henrique António Pedro
sábado, 12 de maio de 2018
Nostalgia Transmontana
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Quando a minha sombra mais se alonga
terça-feira, 1 de maio de 2018
Amorável, doida, doída, dorida, nonsense.
Por mais que se pense
ou não pense
se diga ou se fique calado
extasiado
a olhar o céu
a poesia é o que é:
Nonsense
É a arte do utópico
dos picos da paixão
e de outros males do coração
das indefiníveis estéticas
amor sem dor
é utopia
É génese de religiões
ainda que Amor e a Fé
não sejam meras construções
poéticas
Melhor que nada, que outra coisa nenhuma
a poesia nos inuma na tristeza
nos liberta do real
nos desperta
nos afunda nas raízes profundas do ser
daquilo que verdadeiramente é
nos despoja do ter e do haver
mais nos aproxima do bem
e nos afasta do mal
A poesia
é como a vida é
amorável
inexplicável
irracional
doida
doída
dorida
nonsense
Vale de Salgueiro, 12 de Novembro de 2007
Henrique António Pedro