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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Urinando em formigueiros e tocas de grilos nos lameiros




É uma minha boa lembrança de criança malvada

mijar em formigueiros

e tocas de grilos

nos lameiros

 

Não terei sido eu o primeiro

a inventar tamanha maldade

 

Fazia até uma tremenda ginástica

para acertar,  de pé, nas tocas dos grilos

e nos carreiros  dos formigueiros

por falta de prática

 

Ainda era menino de calção

mas só desistia quando sentia

que uma formiga me picava os testículos

e uma multidão de insectos desafectos

me perseguia no carreiro

 

Então

qual poeta proscrito

aflito

proferia a palavra mais obscena do presente poema:

- Foda-se!

 e fugia

 

Foi assim que aprendi

que há uma infinidade de espaço no Universo

onde poderei urinar à vontade

um simples verso que seja

sem importunar

uma formiga por demais pequenina

que mal se veja

 

 

Vale de Salgueiro, domingo, 5 de Abril de 2009

Henrique António Pedro


4 comentários:

  1. Gostei. É simples e corrida sua linda linda linguagem, mas traduz um momento poético inusitado.

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  2. Gostei do poema!
    De quando à infância ,temos o retrato das traquinices infantis e ingénuas.
    Parabéns.

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