quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Batendo com a cabeça no Infinito
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Esta saudade cadela
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Os mais belos poemas de amor são escritos por quem não está verdadeiramente apaixonado
Muitos
poemas de amor
quiçá
os mais belos
são
textos singelos
escritos
por quem não está verdadeiramente apaixonado
Por
quem
em
rigor
a
si mesmo se engana
ou
por certo algum dia se enganou
Há mesmo
quem escreva sem saber que o diz
ou faz
julgando
ser feliz
embora
não sendo falaz
Há
quem viva na ilusão
no
desejo frustrado
na
esperança sem ensejo
na eterna
aspiração
quiçá
na simples fantasia
melhor
dizendo
não
desfazendo
na mais
pura poesia
Esta
a razão principal
pela
qual
há
tanto poeta a fingir
para
fugir
ou
se esconder
a escrever
sem saber
fantasiosa
poesia amorosa
imaginárias
dores cor de rosa
Quem
ama de verdade
vive
com tal intensidade o seu enamoramento
que
não tem arte nem tempo
para
escrever e dar publicidade
a
tal encantamento
Não
é, portanto, de espantar
que
os mais belos poemas de amor sejam escritos
por
quem não está verdadeiramente apaixonado
Vale
de Salgueiro, terça-feira, 21 de Setembro de 2010
Henrique
António Pedro
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Oração fúnebre para um amigo
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Para onde quer que vás Luís Vaz…
O imortal poeta da gesta da lusa gente
morreu na miséria
indigente
Dele me lembrei quando também eu passei
pela Ilha de Moçambique
a mítica ilha do mar Índico onde
Camões
penou de verdade
de mão estendida à caridade
no regresso do Oriente
expoente de desilusões
Ali havia uma estátua de bronze
erigida num recanto sem encanto
que servia de pouso a pássaros
que lhe defecavam na cabeça
embora melhor mereça
Não sei se ainda lá estará
se não jazerá nalgum monturo de inutilidades
nalgum armazém de históricas banalidades
ou ornamentará o lar dalgum nativo
mais imaginativo
que nele encontrou a magia
e o perfume
da poesia
Foi lá
e então
que me ocorreu este poema
embora só agora o dê a lume
porque hoje em dia
na minha desilusão ardem
sentimentos frustrantes
de ser português
e também talvez
por também eu pertencer aos Vaz
de Vilar de Nantes
onde o poeta nasceu
Luís Vaz foi um inútil até deixar de o ser
quando a genialidade da sua poesia
gerou ventos e marés
e construiu autoestradas de sonho
por sobre o mar medonho
Foi um verdadeiro indigente
mais mal pago que um qualquer operário
que com mais acerto, por certo
lavrava a terra ou caiava paredes
Foi um sem-abrigo
semi-anjo
quasi-deus
um extraterrestre sem interesse
a quem o soldo não bastou para regressar
à Pátria que o enjeitou
Poeta e soldado o foi onde havia verdade
sonho, amor, mistério e poesia
que um dia ergueram um Império de Humanidade
hoje em dia sem utilidade
tanto quanto sei
Para onde quer que vás, Luís Vaz…
lá estarei!
Vale de Salgueiro, quinta-feira, 30 de Setembro de 2010
Henrique António Pedro