Ar a voar pelos ares
É ar a voar pelos ares
o vento
É sopro que atiça o fogo
É instrumento de sopro
a tocar
pulmão do talento
de soprano a cantar
perfume a tear o lume da paixão
É ave
de asas
a adejar
É pensamento
o vento
a soprar por nós a dentro
É pé de povo revoltado
É balão insuflado de vaidade
até rebentar
É odre podre a peidar
É fole a soprar
sem ter nada dentro
É verdade
o vento
a varrer o lixo prolixo
das ruas do nosso viver
É nuvem de lágrimas
à procura de regaço
onde se verter
É respirar ofegante
de quem quer vencer
É ar a voar pelos ares
É ar em movimento
o vento
Vale de Salgueiro, sábado, 24 de
Janeiro de 2009
Henrique António Pedro