quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Penso que penso só por pensar
terça-feira, 29 de novembro de 2016
E o meu espírito assim se redime
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Não guarde para si a última bala
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Um homem apaixonado
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Amar nunca é demais
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
É na escuridão mais escura que a alma mais luz
sábado, 12 de novembro de 2016
A minha versão dos factos
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Naquela noite o céu pegou fogo
Naquela noite o céu pegou fogo
O Universo entrou em
guerra
pegou fogo o Céu
enquanto a Terra se
cobria
com um véu
de afrodisia
Epílogo sagrado do
virtuoso amor
dum homem e duma mulher
que em sua fé congraçados
e fiéis ao
mandamento
haviam acordado
a virgindade manter
e ambos sofrer
a dor da castidade
até à noite do
casamento
E assim foi que só depois
do matrimónio
terminado o contrato
sagrado
e fartos desse seu
doce penar
deram por fim
liberdade
ao prazeroso jogo
da pulsão da paixão
Então o Cosmos
entrou em guerra
o Céu pegou fogo
e a Terra se cobriu
com um véu de
fantasia
Que nenhum anjo ou
demónio
ousou apagar
porque tal fogo era o
Amor
divinal
aceso no Céu armado no
tálamo nupcial
e pelo incendiário
abençoado
que é Deus
Vale de Salgueiro, terça-feira,
9 de Fevereiro de 2010
Henrique António Pedro
sábado, 5 de novembro de 2016
Não são as lágrimas dos homens que alagam a Terra
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Arroubos místicos
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Célia Flor de Cerejeira
Célia Flor de Cerejeira
Ofereci
a Célia uma flor de cerejeira pela Primavera
por a
achar serena
linda e
perfumada como ela
A brisa
primaveril espalhava pétalas mil pela Natureza
com a
mesma delicada leveza
com que
o olhar de Célia
o seu
sorriso
e o seu
odor
se
transformam em amor
Em breve
a meiga cerejeira
que
antes se enfeitara de brancas flores
se
coroou de cerejas encarnadas
provocantes
luzidias
apetecidos
sabores
Mas a
flor que ofereci a Célia por pura brincadeira
apenas
sorriu nos lábios dela
algumas
luminosas manhãs
menos
tempo que as flores suas irmãs
duraram
nos ramos da cerejeira
Num
ápice as suas pétalas se evolaram
em
etéreos beijos
e ternas
apalpadelas
Tudo não
passou de um fugaz amor
de um
equívoco de Primavera
que
murchou sem frutificar
porque
aquela flor não me pertencia
e eu não
deveria
tê-la
dado à Célia
sem a
amar de verdade
Pertencia
sim à cerejeira de onde viera
mesa
posta de fruta apetecida agora oferecida pela Primavera
para ser
fruída por todos os seres
que se
alimentam de desejos
de
beijos
de
poemas
e de cerejas
in
“Mulheres de Amor Inventadas”
Vale de Salgueiro, 26 de Março de 2008
Henrique António Pedro
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Dulce, paixão adolescente
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Levitação
como se não houvesse amanhã
nem tivesse havido ontem
nem a hora passada
e vivesse uma eternidade desmemoriada
no presente ausente
Sem um relevante pensamento
um apetite evidente
uma ideia emergente
Na tranquilidade absoluta
de quem não vai nem vem de luta alguma
Sem dar conta do tempo passar
sem um zunido sequer que me possa enervar
fora ou dentro dos ouvidos
Com todos os sentidos a funcionar esplendidamente
tanto que nem eles se dão conta de si
por nada terem que a mim me dizer
De corpo relaxado
e de espírito enlevado
de cérebro todo tomado pela consciência
e a consciência a monitorizar apenas a alma
Sem amor
sem ódio
fantasia ou contrição
tristeza ou alegria
teorema ou dilema
sem motivo de glória ou de frustração
saudade ou nostalgia
Em puro deleite de verdade
e poesia
com o cordão umbilical bamboleante preso ao presente poema
leve como pluma vogando na bruma
venço a gravidade
entro em levitação
Voo até Deus sem dizer adeus
Vale de Salgueiro, sábado, 5 de Maio de 2012
Henrique Pedro