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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

É na escuridão mais escura que a alma mais luz




Abro o livro
e leio

O meu espírito espevita

Ouço a voz seca de Séneca
que em seu douto pensamento
há séculos
ao vento
grita:
“Deixarás de ter medo quando deixares de ter esperança.”

É a mim que me ouço feito criança
em desassossego

À luz do dia
tomado pelo instinto
tinto de emoção e ilusão
deixo de me ver
e de me ouvir

À luz do dia
de ambição imbuído
a ideia é ruído

No escuro
melhor  me oiço e mais bem vejo
sei o que procuro
e o que desejo

No escuro mais medo sinto 
mais a mente anseia
a esperança renasce
o silêncio é ideia
divino enlace

Abro o livro
e leio
e releio “ A Noite Obscura” de João da Cruz

É na escuridão mais escura
que a alma mais luz

 
Henrique Pedro
Vale de Salgueiro, 3 de Fevereiro de 2008

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